São Paulo, quarta-feira, 04 de junho de 2008

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Bethânia é 1ª intérprete a ganhar o Prêmio Shell

Cantora venceu 28ª edição, que até o ano passado só agraciava compositores

Terceira mulher escolhida em quase três décadas, baiana tem "trabalho autoral consistente", diz Zuza Homem de Mello

DA REPORTAGEM LOCAL

A cantora Maria Bethânia, 61, foi eleita ontem a vencedora do 28º Prêmio Shell de Música, pelo conjunto de sua obra em mais de 40 anos de carreira.
A baiana de Santo Amaro da Purificação tornou-se a primeira artista a ser premiada como intérprete -até o ano passado, o regulamento só permitia a eleição de compositores.
"No momento em que o prêmio abre as portas para os intérpretes, parece justo premiar a representante que tem o trabalho autoral mais consistente da música brasileira", disse o produtor Zuza Homem de Mello, um dos seis jurados.
Os demais votantes foram os jornalistas Luiz Fernando Vianna, repórter da Folha, e Arthur Dapieve ("O Globo"), o radialista e professor da UFRJ Fernando Mansur, o produtor cultural Bruno Levinson e o produtor Moogie Canazio (que já trabalhou com Bethânia).
Segundo Zuza, a decisão de premiar a cantora foi unânime e também fez justiça às mulheres, que só haviam vencido em duas ocasiões (Rita Lee, em 1996, e Dona Ivone Lara, em 2002). O produtor destacou ainda a "versatilidade incrível" de Bethânia, "o que é próprio de uma pessoa que tem uma dedicação e uma amplitude musical extraordinárias".
"A despeito da crise fonográfica, ela mantém um trabalho de primeira categoria. Não se deixa levar pelas lantejoulas que circulam por aí, tem um trabalho de garimpagem de compositores admirável e faz isso com grande êxito, mostrando que não é preciso baixar a guarda para ter sucesso."

Carcará
A Folha tentou falar com Bethânia, mas seus assessores informaram que a cantora estava viajando para o Chile, onde apresenta amanhã seu show mais recente, ao lado da cubana Omara Portuondo.
O disco da dupla, lançado neste ano, foi o 32º segundo de estúdio de Bethânia, que estreou profissionalmente em 1965, substituindo Nara Leão no espetáculo "Opinião", no Rio -no mesmo ano, lançaria seu primeiro disco.
Ao longo de sua carreira, alcançou consagração de público e crítica com álbuns como "Álibi" (1978), "Talismã" (1980) e "As Canções que Você Fez para Mim" (1993). Também fez parte dos Doces Bárbaros, ao lado de seu irmão Caetano Veloso, de Gilberto Gil e Gal Costa.
Como vencedora do Prêmio Shell, a cantora será homenageada com um show no Rio, ainda sem data definida, e receberá R$ 15 mil, além de um troféu desenhado pelo joalheiro Caio Mourão.
O vencedor anterior do prêmio foi o também baiano Tom Zé, no ano passado. Também já foram homenageados compositores como Tom Jobim (1982), Dorival Caymmi (1983), Chico Buarque (1988) e Caetano Veloso (1989).


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