|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Bethânia é 1ª intérprete a ganhar o Prêmio Shell
Cantora venceu 28ª edição, que até o ano passado só agraciava compositores
Terceira mulher escolhida em quase três décadas,
baiana tem "trabalho autoral consistente", diz
Zuza Homem de Mello
DA REPORTAGEM LOCAL
A cantora Maria Bethânia, 61,
foi eleita ontem a vencedora do
28º Prêmio Shell de Música,
pelo conjunto de sua obra em
mais de 40 anos de carreira.
A baiana de Santo Amaro da
Purificação tornou-se a primeira artista a ser premiada como
intérprete -até o ano passado,
o regulamento só permitia a
eleição de compositores.
"No momento em que o prêmio abre as portas para os intérpretes, parece justo premiar
a representante que tem o trabalho autoral mais consistente
da música brasileira", disse o
produtor Zuza Homem de Mello, um dos seis jurados.
Os demais votantes foram os
jornalistas Luiz Fernando
Vianna, repórter da Folha, e
Arthur Dapieve ("O Globo"), o
radialista e professor da UFRJ
Fernando Mansur, o produtor
cultural Bruno Levinson e o
produtor Moogie Canazio (que
já trabalhou com Bethânia).
Segundo Zuza, a decisão de
premiar a cantora foi unânime
e também fez justiça às mulheres, que só haviam vencido em
duas ocasiões (Rita Lee, em
1996, e Dona Ivone Lara, em
2002). O produtor destacou
ainda a "versatilidade incrível"
de Bethânia, "o que é próprio
de uma pessoa que tem uma
dedicação e uma amplitude
musical extraordinárias".
"A despeito da crise fonográfica, ela mantém um trabalho
de primeira categoria. Não se
deixa levar pelas lantejoulas
que circulam por aí, tem um
trabalho de garimpagem de
compositores admirável e faz
isso com grande êxito, mostrando que não é preciso baixar
a guarda para ter sucesso."
Carcará
A Folha tentou falar com Bethânia, mas seus assessores informaram que a cantora estava
viajando para o Chile, onde
apresenta amanhã seu show
mais recente, ao lado da cubana Omara Portuondo.
O disco da dupla, lançado
neste ano, foi o 32º segundo de
estúdio de Bethânia, que estreou profissionalmente em
1965, substituindo Nara Leão
no espetáculo "Opinião", no
Rio -no mesmo ano, lançaria
seu primeiro disco.
Ao longo de sua carreira, alcançou consagração de público
e crítica com álbuns como "Álibi" (1978), "Talismã" (1980) e
"As Canções que Você Fez para
Mim" (1993). Também fez parte dos Doces Bárbaros, ao lado
de seu irmão Caetano Veloso,
de Gilberto Gil e Gal Costa.
Como vencedora do Prêmio
Shell, a cantora será homenageada com um show no Rio,
ainda sem data definida, e receberá R$ 15 mil, além de um troféu desenhado pelo joalheiro
Caio Mourão.
O vencedor anterior do prêmio foi o também baiano Tom
Zé, no ano passado. Também já
foram homenageados compositores como Tom Jobim
(1982), Dorival Caymmi (1983),
Chico Buarque (1988) e Caetano Veloso (1989).
Texto Anterior: Mônica Bergamo Próximo Texto: Brook encena Beckett no Festival de Londrina Índice
|