São Paulo, quarta-feira, 04 de junho de 2008

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Brook encena Beckett no Festival de Londrina

"Fragments" reúne cinco peças curtas do dramaturgo

LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A estréia brasileira do mais recente espetáculo do encenador inglês Peter Brook é o destaque do Filo (Festival Internacional de Londrina), que comemora 40 anos de hoje ao dia 22.
Em "Fragments", o Théâtre des Bouffes du Nord apresenta cinco peças curtas de um Samuel Beckett (1906-1989) um pouco mais solar do que de costume. Uma delas encontra três senhoras a trocar confidências num banco de parque; em outra, um cego e um cadeirante desenvolvem uma relação de dependência mútua enquanto rememoram seus amores.
O espetáculo será encenado em Londrina (PR) de 15 a 17/6 (ingressos esgotados). Do Paraná, segue para Brasília (19 a 22/6, no CCBB), Rio (26 a 29/6, no CCBB) e São Paulo (3 a 6/7, no Sesc Santana, a confirmar).
Antes da trupe de Brook, "L'Oratorio d'Aurélia" abre os trabalhos, hoje à noite. Nesse misto de dança, teatro e circo, a atriz e acrobata francesa Aurélia Thierrée e o bailarino norte-americano Timothy Harling dividem a cena com objetos que gradualmente ganham vida.
O diretor do festival, Luiz Bertipaglia, diz que a organização recebeu 612 inscrições para a edição deste ano. Escalados para o Filo 2008 estão 43 espetáculos -além dos que passaram pela curadoria, há convidados (veja a programação completa em www.filo.art.br).
É o caso do dinamarquês "Andersen's Dream" (o sonho de Andersen), da cia. Odin Teatret, que traz o público para dentro de um jardim-cenário em que a neve não cessa. A montagem, pontuada por improvisações de 14 atores, parte de um sonho tenebroso registrado pelo escritor escandinavo num diário outonal.
Bertipaglia aposta também nos tchecos da cia. Farm in the Cave Studio, que aportam pela primeira vez no país com "Sclavi - The Song of an Emigrant" (a música de um emigrante). Com pouco texto, o espetáculo tem por matéria-prima músicas do Leste Europeu e cartas de emigrantes eslovacos.
O diretor afirma esperar repetir o público das edições anteriores -média de 100 mil pessoas (numa população de 497 mil) nos últimos quatro anos, segundo ele. Mas reconhece que a efeméride é uma boa oportunidade para repensar os rumos do evento. "Talvez seja o momento de mudar o formato. Uma idéia é dividir a realização do festival em três momentos", diz.

Nacionais
No front nacional, a programação do Filo prevê sessões de espetáculos já vistos no eixo Rio-SP. Passam por Londrina "Cadela de Vison", em que Renato Borghi flagra as angústias de um ator nos estertores de sua carreira, "Vemvai - O Caminho dos Mortos", que recebeu dois prêmios Shell meses atrás em São Paulo, e "Mãe Coragem e Seus Filhos", elogiada revisão da carioca Armazém para o texto de Bertolt Brecht.
Radicado na capital paulista, o ator e dramaturgo Mário Bortolotto leva "Chapa Quente", adaptado dos quadrinhos de André Kitagawa, à sua cidade natal. Também locais são os dois espetáculos inéditos, "Bendita Geni" e "Conquanto Sonho", contemplados por um prêmio instituído pela prefeitura de Londrina.


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