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ANÁLISE
Radicalismo vai em direção oposta ao que o público brasileiro quer
RODRIGO RUSSO
COORDENADOR DE ARTIGOS E EVENTOS
Copiar ideias estrangeiras
é algo que a televisão brasileira sempre soube fazer -e
às vezes até aperfeiçoando os
originais. Mas a proposta de
radicalização dos reality
shows não deve vingar em
solo tupiniquim.
A relação do brasileiro
com a programação de TV reflete alguns traços da nossa
sociedade, dentre os quais a
hipocrisia, um certo desejo
de justiça social e uma vontade de se tornar celebridade.
Misturar esses três ingredientes é sucesso garantido.
Morte ou maldade explícitas, pelo contrário, causam
fuga da audiência e a caça
aos responsáveis por tais
atrocidades. Basta perceber a
queda de audiência da última edição do "radical" "No
Limite", da Globo.
Uma exceção deve ser feita
ao final dos anos 90, quando
programas como "Ratinho
Livre" conseguiam liderar a
audiência com um circo de
bizarrices e horrores, mas
não escapavam dos processos judiciais.
Atualmente, o grande filão
é dar alguma coisa a desconhecidos: de fama instantânea -alguém sabe onde anda Zina, aquele do bordão
"Ronaldo", ou mesmo a hoje
bonita Gorete?- a bens materiais, como as casas oferecidas pelos programas de Gugu, Huck e Portiolli.
Mesmo em novelas, o desejo de justiça social se faz
presente. Novela sem final feliz é coisa impensável, e os
atores que interpretam vilões
não raro são alvo de agressão
verbal e até mesmo física por
parte de pessoas que não sabem distinguir o campo ficcional da realidade.
Dessa forma, radicalizar os
realities iria em direção oposta ao que o público brasileiro
gosta de consumir na TV: as
ilusões de que está tudo bem
e de que tudo tem final feliz.
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