São Paulo, segunda-feira, 04 de julho de 2011

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Morre Mário Chamie, criador da poesia práxis

Poeta e ex-secretário municipal de Cultura de São Paulo foi vítima de parada cardíaca na manhã de ontem

Autor deixa inéditos livro que mistura ficção e memórias e uma edição comemorativa de seu "Lavra Lavra"

CLARICE CARDOSO
DE SÃO PAULO

O poeta, ensaísta e ex-secretário municipal de Cultura de São Paulo Mário Chamie, 78, morreu ontem, às 9h, em São Paulo, vítima de uma parada cardíaca.
Titular da cadeira 26 da Academia Paulista de Letras, o escritor, que havia sido diagnosticado com câncer no pulmão há seis meses e estava em tratamento, foi hospitalizado na última sexta.
O enterro está marcado para hoje, às 9h, no cemitério do Araçá.
Embora seu trabalho mais notório, o poema práxis (uma forma de poesia experimental que desprezava a linearidade e levava a palavra ao limite), tenha surgido de uma dissidência do grupo de concretistas no fim dos anos 1950, início dos 1960, Chamie sempre esteve integrado às vanguardas do modernismo paulistano.
"Entre os grandes nomes que simpatizaram ou participaram do práxis nos seus primórdios, podemos citar Cassiano Ricardo -este inicialmente simpatizante do concretismo-, Armando Freitas Filho e José Guilherme Merquior", diz o crítico Antonio Carlos Secchin.
De seus anos como secretário municipal de Cultura (1979-1983), destaca-se em seu legado o Centro Cultural São Paulo.
"Chamie foi uma das grandes figuras culturais de São Paulo surgidas na metade do século 20. Foi um imenso poeta, um originalíssimo ensaísta e um dos mais marcantes secretários de Cultura que a cidade já teve", diz Amir Labaki, diretor do É Tudo Verdade e articulista da Folha.

INÉDITOS
Num de seus últimos textos escritos na Folha, em julho de 2005, o poeta contou que o livro que lhe revelou "o sentido maior da palavra poética" foi "A Divina Comédia", de Dante Alighieri.
"Quanto mais releio "A Divina Comédia", mais me convenço de que essa obra é, no Ocidente, além de cânone básico, uma didática heterodoxa para se entender e criar poesia. Quem já passou pelo seu Inferno, Purgatório e Paraíso sabe do que estou falando", escreveu.
Chamie deixa duas obras inéditas prontas: "Neonarrativas - Breves e Longas" (ed. Funpec), misto de memória e ficção que está por ser lançada, e uma edição comemorativa dos 50 anos de "Lavra Lavra", que inclui um ensaio do autor sobre a importância histórica do livro -ainda sem data de lançamento.


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