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TEATRO
Evento reúne atores,diretores e dramaturgos que ajudaram a construir os 50 anos de história do espaço em São Paulo
Cia. Livre faz estudo público sobre Arena
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Com estimados 99 lugares, ombro a ombro, no atual palco semicircular, de 4 m de "diâmetro", o
teatro de Arena Eugênio Kusnet,
mais famoso endereço da estreita
e curta rua Teodoro Baima, quase
na bifurcação da avenida Ipiranga
com a rua da Consolação, pode levar incautos a descrer de sua dimensão histórica.
Mas foi assim, fisicamente diminuto, se comparado aos edifícios
modernos da região, que esse espaço do centro paulistano entrou
para a história do teatro brasileiro, como será esmiuçado a partir
de hoje no estudo público "Cia.
Livre Conta Arena 50 Anos".
São três vertentes. Depoimentos
de artistas que protagonizaram
papéis importantes no palco e nos
bastidores do Arena (sempre às
quartas-feiras). Palestras e debates com pesquisadores e teóricos
das artes cênicas (às terças, quinzenalmente).
E, por fim, a leitura dramática
de antologia composta por nove
peças, justamente no espaço que
deu vez e voz para o autor nacional a partir do final dos anos 50
(às quartas, quinzenalmente).
Cabe ao diretor José Renato, 78,
o depoimento de abertura do
evento, hoje à noite.
Ele estava entre os atores da Escola de Arte Dramática (à época
ainda não vinculada à USP), como Geraldo Matheus, Sérgio
Sampaio e Emílio Fontana, que
criaram a companhia Teatro de
Arena.
O formato circular de palco e
platéia foi uma introdução do
professor e crítico Décio de Almeida Prado (1917-2000), que fez
chegar aos alunos um livro americano sobre o assunto.
A disposição em arena, que remonta à origem universal do teatro na Grécia Antiga, serviu como
luva às produções de baixo custo
e à valorização do texto como que
ao pé do ouvido do espectador.
Semi-arena
Em 1º de fevereiro de 1955, uma
loja vazia da Teodoro Baima foi
transformada oficialmente no
Teatro de Arena, com a estréia de
"A Rosa dos Ventos", do belga
Claude Spaak (1904-90), dirigida
por Renato, que já vinha de montagens com sua cia. desde 1953.
Aquele formato em arena foi
transformado, ao longo dos anos,
em semi-arena. Não se sabe ao
certo como se deu a transição,
exemplo de curiosidade que pode
ser detalhada nos depoimentos.
Para lembrar esses 50 anos, a serem completados em fevereiro de
2005, retornam ao Arena 28 atores, diretores e dramaturgos. Alguns deles: Gianfrancesco Guarnieri, Augusto Boal, Milton Gonçalves, Lima Duarte, Nelson Xavier, Chico de Assis, Miriam Mehler, Paulo José e Izaías Almada,
este que também imprimiu retrospectiva desse meio século no
recém-lançado "Teatro de Arena", pela coleção Paulicéia da editora Boitempo.
No campo da reflexão, haverá
oito encontros. Entre os convidados, estão Maria Thereza Vargas,
Fernando Peixoto, Theo Barros,
José Miguel Wisnik, Alexandre
Matte, Iná Camargo Costa, Luiz
Fernando Ramos, Amélia Hamburguer e os atores Renato Borghi
e José Celso Martinez Corrêa, que
encerrarão o ciclo com o tema "O
Oficina Cont(r)a Arena".
Paralelamente à programação, a
cia. Livre vai entrevistar outras
personalidades que também fizeram história no Arena. Tudo será
documentado em CD-ROM.
O projeto tem patrocínio da Petrobras (R$ 299 mil) e parte de recursos do Programa de Fomento
ao Teatro, para o qual a cia. Livre
foi contemplada e montará "Arena Conta Danton", baseado em
"A Morte de Danton", do alemão
Georg Büchner (1813-37), com direção de Forjaz, que estréia no
próximo 11 de setembro.
Formada em 1999, a Cia. Livre
("Um Bonde Chamado Desejo",
"Toda Nudez Será Castigada") é a
bola da vez na ocupação do Arena, em 2004, teatro mantido pela
Funarte (leia texto nesta página).
Em tempo: Eugênio Kusnet
(1898-1975), cujo nome batiza o
Arena, foi o ator russo que chegou
ao Brasil em 1927, trabalhou também com o Oficina e por aqui ajudou a disseminar o método Stanislavski de interpretação.
CIA. LIVRE CONTA ARENA 50 ANOS.
Coordenação: Cibele Forjaz, Isabel
Teixeira e Vadim Nikitin. Abre hoje, às
20h, com depoimento de José Renato.
Onde: teatro de Arena Eugênio Kusnet (r.
Teodoro Baima, 94, SP, tel. 0/xx/11/
3256-9463). Quando: pague quanto
quiser. Quando: todas as segundas
(leituras) e quinzenalmente às terças
(debates) e quartas (depoimentos),
sempre às 20h. Na próxima seg,. dia 9/
11, será lida a peça "Eles Não Usam Black-Tie" (1958), de Gianfrancesco Guarnieri.
Até 29/11.
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