São Paulo, segunda-feira, 04 de agosto de 2008

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Frank Sinatra Jr. revive sucessos do pai em show

Cantor se apresenta hoje em SP com participação de Marina de La Riva e orquestra de 38 instrumentistas

"Isso já não me incomoda mais", diz Sinatra Jr., sobre o fato de não ter o mesmo prestígio do pai; show reúne sucessos dos anos 30 aos 50


CARLOS CALADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Não é fácil seguir a mesma profissão do pai, especialmente quando ele foi um grande ídolo musical, considerado por muitos o maior intérprete da canção norte-americana no século 20. Cantor há mais de quatro décadas, Frank Sinatra Jr., 64, ainda não conquistou uma pequena parte da popularidade e do prestígio artístico de seu pai. "Isso já não me incomoda mais", diz o norte-americano, que se apresenta hoje, no Via Funchal, em São Paulo. "É muito difícil convencer as pessoas a escutarem o filho de Frank Sinatra quando elas podem ouvir o próprio Sinatra. Comecei muito jovem e nem era tão bom naquela época, mas hoje posso cantar tão bem quanto qualquer outro cantor por aí." Não se trata de ego inflado. Além da semelhança física, Sinatra Jr. é um cantor acima da média e herdou um timbre vocal que lembra o do pai. Quando está acompanhado por orquestra, interpretando pérolas da canção norte-americana dos anos 30, 40 e 50, como faz nesta turnê, intitulada "Sinatra by Sinatra", é mais fácil ainda confundi-lo com o velho Sinatra. "Desde a morte de meu pai, dez anos atrás, as pessoas têm me dito que eu devo dar continuidade à música de Sinatra. Essa música deve soar como foi feita originalmente, com uma orquestra. As orquestrações escritas para Sinatra eram magníficas, são as melhores." É por isso também que Sinatra Jr. não abre mão de cantar ao lado de uma orquestra de 38 instrumentistas. Mesmo que essa imposição artística diminua bastante suas oportunidades de se apresentar fora do circuito dos cassinos americanos.

Big bands
Podem até acusá-lo de oportunismo por cantar os sucessos do pai, mas em defesa de Sinatra Jr. há o fato de ele ter demonstrado desde cedo sua paixão pelas big bands, que embalaram a música do velho Sinatra. Além de freqüentar o curso de música da Universidade da Califórnia, Sinatra Jr. estudou arranjo com Nelson Riddle, autor das orquestrações de muitos sucessos de seu pai. "Admiro outros grandes arranjadores, como Don Costa, Billy May e Claus Ogerman, mas sou parcial em relação a Nelson Riddle, que foi meu mestre. Adoro o estilo dele." Já ao se referir aos vocalistas que o influenciaram, além do pai, ele desfia uma lista que inclui Bing Crosby, Jack Jones, Ella Fitzgerald, Peggy Lee, Rosemary Clooney, o inglês Matt Monro e o francês Charles Aznavour. Porém, reserva os maiores elogios para um intérprete pouco conhecido fora dos EUA. "O melhor cantor que já ouvi foi um homenzinho de Nova York chamado Clark Dennis. Ele foi cantor de rádio, na década de 40, e tinha a voz mais pura que já escutei", diz. O tom de admiração com o qual Sinatra Jr. se refere a seus ídolos do passado é trocado por uma indisfarçável amargura quando se pergunta sua opinião sobre a música pop de hoje. Concordaria com Chico Buarque, que já disse que o sucesso do rap pode resultar na morte da canção? "Ele está absolutamente certo. A beleza na música começou a ser depreciada com o rock'n'roll, nos anos 50. Depois, veio o punk rock. E agora isso que se chama de rap", diz. "Eu jamais faria uma música que não posso entender."

FRANK SINATRA JR.
Quando: hoje, às 21h30
Onde: Via Funchal (r. Funchal, 65, Vila Olímpia, tel. 0/xx/11/3188-4148)
Classificação indicativa: não recomendado para menores de 14 anos
Quanto: R$ 120 a R$ 500



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