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Von Stade canta de Bizet a Piaf na Sala São Paulo
Mezzo-soprano norte-americana faz recital na série do Mozarteum Brasileiro com programa que inclui até canções da Broadway
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Vai ter Schubert, Richard
Strauss e Bizet, mas também
Piaf e musicais da Broadway. A
mezzo-soprano americana
Frederica Von Stade canta em
São Paulo, hoje e quarta-feira,
na série do Mozarteum Brasileiro, programa variado e leve,
que chega perto do "crossover".
"O que me fascina no ato de
cantar é que ele cruza tantos
mundos distintos", diz. "Eu
cresci com o musical, fico à
vontade com esse repertório."
A apresentação está organizada em seis blocos, com temas
distintos, como "Rosas", "Paris" e "Religião". Estão contemplados compositores modernos
norte-americanos, como Ned
Rorem e Aaron Copland, além
da canção francesa, de Ravel e
Debussy, fechando com um
bloco Broadway, que traz "I
Can't Say No" (Oscar Hammerstein), "Send in the
Clowns" (Stephen Sondheim) e
"I Am Easily Assimilated"
(Leonard Bernstein).
"Quando comecei a cantar,
os programas tinham orientação muito mais clássica, talvez
porque, nos EUA, havia mais
gente que entendia francês e
alemão", diz. Para ela, nos últimos anos, o público norte-americano tem preferido ouvir
mais músicas em seu idioma
-o que abre espaço não só para
o musical, mas também para a
criação contemporânea.
De autoria de Jake Heggie,
47, que a acompanha ao piano
nas apresentações paulistanas,
a cantora interpreta uma cena
da ópera "Dead Man Walking",
estreada em 2000, e baseada no
livro que deu origem ao filme
"Os Últimos Passos de um Homem" (1995), de Tim Robbins.
Família
Aos 63 anos, Von Stade é uma
respeitável avó, que dá aos afazeres familiares pelo menos
tanta importância quanto à
música. Quando falou à Folha,
por telefone, estava em Washington, ajudando na mudança
da filha para uma casa nova.
"Hoje faço umas 50 apresentações por ano. Desacelerei um
pouco, porque tenho família,
netos, outros compromissos."
Nesta contabilidade, os recitais com piano, como os que fez
por aqui em 1995 e 2001, têm
mais presença que as óperas.
"Minha voz não me permitiu
cantar grandes papéis de mezzo-soprano, como Eboli [no
"Don Carlo", de Verdi]", diz ela,
cuja carreira operística esteve
centrada em papéis mozartianos e no repertório francês.
"Sempre interpretei personagens jovens, de homem ou
mulher. Com o tempo, isso foi
ficando esquisito no palco." Para ela, o recital é mais trabalhoso para o intérprete no sentido
de cativar o público. "A gente
não tem apoio de cenário, nem
de figurino; só temos a nossa
cara, e o piano."
FREDERICA VON STADE
Quando: hoje e qua., 21h
Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nº, tel. 0/xx/11/3337-5414)
Classificação indicativa: não recomendado para menores de 12 anos
Quanto: R$ 50 a R$ 140
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