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Calle 13 critica EUA ao vivo em Caracas
Grupo de reggaeton porto-riquenho, que faz show no Brasil em setembro, evita vincular-se à figura de Chávez
Grupo vencedor de dez Grammy Latino e dois Grammy recebeu convite de parceria do presidente venezuelano
FLAVIA MARREIRO
DE CARACAS
"Nesta noite, vamos falar
de sexo e de política. Vamos
mostrar ao mundo, aos EUA,
que a Venezuela está de pé. O
povo manda."
Era René Pérez, o Residente do grupo porto-riquenho
Calle 13, ao subir ao palco no
sábado passado, em Caracas,
para show gratuito pago pelo
distrito chavista da cidade.
Fazia tempo que o "red
set", o jet set de esquerda,
não exibia representantes
tão vigorosos, sucesso popular e de crítica -dez Grammy
Latino e dois Grammy.
O sexy Residente tira a blusa e a plateia canta "No Hay
Nadie como Tú", um dos singles de maior êxito do grupo
de reggaeton.
Na versão de René e
Eduardo Cabra, o Visitante, o
ritmo, mistura de reggae com
gêneros latinos como salsa e
cumbia, carrega no rap e leva
até toques de bossa e samba.
Eles cantam "Beso de Desayuno" e dizem que querem
todas as mulheres de "ovário
duro". Como prometera, Residente fala de política. Oferece a música "Pal Norte",
sobre imigrantes, para a governadora "racista" do Arizona, Jan Brewer, que assinou
lei anti-imigração ilegal.
Diz que veio de uma "colônia", o protetorado americano de Porto Rico e ataca as
bases militares americanas
na região.
SEM CHÁVEZ
A polarizada Venezuela refletiu-se no Twitter, em ataques elencando o Calle 13 ao
lado de Sean Penn e Oliver
Stone, dois mainstream próximos de Hugo Chávez.
Mas os reggaetoneros se
movem delicadamente, e,
em meio a toda propaganda
da "revolução" que inunda o
parque e a TV -o show foi
transmitido pelo canal estatal-, não citaram o presidente venezuelano.
"A energia de vocês, tanto
ao vivo como a que se viu na
TV, apagou qualquer propaganda. Aqui mandaram vocês: o povo!", escreveu Residente no Twitter.
Chávez já se ofereceu para
cantar com o grupo no ano
passado. Mas Residente
mandou seu recado no MTV
Latino 2009, ao mostrar a camiseta: "Chávez indicado para melhor artista pop".
No evento, as críticas mais
pesadas foram direcionadas
ao colombiano Álvaro Uribe,
que ganhou uma blusa "Uribe para as bases militares",
onde se lia "Uribe paramilitar". O grupo foi vetado na
Colômbia depois disso.
NOVO DISCO E BRASIL
O Calle 13 não cantou o single "Calma Pueblo", do quarto esperado CD a ser lançado
em outubro. O clip que está
no site www.lacalle13.com
foi tirado do YouTube por
causa de nus frontais.
É uma crítica à Igreja Católica e uma reflexão dos gauche na vida nova mainstream: "Uso a força do inimigo"; "Nós nos infiltramos no
sistema".
O Residente também
anunciou que a banda vem
ao Brasil em setembro, pela
primeira vez, sem divulgar
local nem dia.
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