São Paulo, quarta-feira, 04 de setembro de 2002

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DANÇA

Bailarina apresenta-se em São Paulo com a filha, Vânia Vaneau, e a mãe, Odete Vilas Boas, responsável pela trilha

Célia Gouvêa coreografa relação familiar

ANA FRANCISCA PONZIO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A coreografia "Mãe Tzê Tzá", que Célia Gouvêa apresenta hoje e dia 11 no projeto Dança em Pauta do Centro Cultural Banco do Brasil, foi concebida na França, onde estreou em dezembro de 1999 na Cartoucherie de Vincennes, o célebre espaço teatral dirigido por Ariane Mnouchkine, do Théâtre du Soleil.
Na época, Célia fazia um estágio que começou em Lyon, no centro coreográfico dirigido por Maguy Marin, outra personalidade das artes cênicas da França, e que se completou em Paris. Após esse período de reciclagem, que durou três anos e meio, Célia retornou ao Brasil em janeiro deste ano.
A versão de "Mãe Tzê Tzá" que chega hoje a São Paulo é um pouco diferente daquela que estreou em Paris e depois em Bruxelas, durante um programa de verão da escola P.A.R.T.S (Performing Arts Research and Training Studios), dirigida pela coreógrafa Anne Teresa de Keersmaeker, do grupo Rosas, que, na próxima semana, apresenta-se na capital paulista.
"No início, era um dueto para mãe e filha", diz Célia, que dança acompanhada da filha Vânia Vaneau. Na versão atual, a relação familiar entre mulheres, que norteia o conteúdo de "Tzê Tzá", é acentuada pela participação da mãe de Célia, a pianista Odete Vilas Boas Gouvêa, de 84 anos, que interpreta uma trilha musical marcada pela obra de Stravinsky.
"São três gerações em cena, e à minha mãe cabe realizar não somente um concerto musical, mas participar como personagem", diz Célia. A nova versão também é mais influenciada pela interferência coreográfica de Vânia Vaneau, que estuda na P.A.R.T.S..
"Mais do que um significado, o título "Tzê Tzá" transmite um ritmo. Essencialmente, a peça trata de relações de cumplicidade, dominação e conflito, em situações que vão do cotidiano ao imaginário, do real ao fantástico, do contemporâneo ao arcaico."
Além de "Mãe Tzê Tzá", Célia apresenta no Dança em Pauta a coreografia "Pedra no Caminho", que ela criou em 1993 a partir de um poema de Carlos Drummond de Andrade. Com música de Hélio Ziskind, a peça é dançada por Ricardo Fornara e Gabriel Bueno, que integram o grupo de Célia.
Na evolução da dança contemporânea brasileira, Célia Gouvêa tem papel fundamental. Nascida em Campinas, ela mudou-se para São Paulo no final dos anos 60 para estudar filosofia e aperfeiçoar-se em dança. "Fazia aulas de balé clássico com Marika Gidali e dança contemporânea com Ruth Rachou e Renée Gumiel", lembra.
Em 1970, quando soube que Maurice Béjart estava inaugurando em Bruxelas uma escola aberta para estudantes de todo o mundo -o histórico Mudra-, Célia migrou para a Bélgica.
No Mudra, onde integrou uma turma da qual fizeram parte Maguy Marin e a brasileira Juliana Carneiro da Cunha, que hoje atua no Théâtre du Soleil, ela absorveu a postura multidisciplinar que cultiva até agora.
Casada com o diretor teatral Maurice Vaneau, com o qual realizou várias parcerias artísticas, Célia inaugurou em 74 o renovador teatro da Dança, que funcionou no espaço teatral dirigido por Ruth Escobar, no bairro paulistano do Bexiga. Recentemente, Célia colaborou no espetáculo "Doze Movimentos para um Homem Só", de J.C. Violla.


MÃE TZÊ TZÁ E PEDRA NO CAMINHO -
De: Célia Gouvêa. Hoje e dia 11, às 19h, no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo (r. Álvares Penteado, 112, centro; tel. 0/xx/11/3113-3651). R$ 7.




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