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Última Moda
ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@grupofolha.com.br
Turquia no mapa fashion
Istambul faz sua primeira semana de moda e quer ser a quinta maior até 2023
VIVIAN WHITEMAN
ENVIADA ESPECIAL A ISTAMBUL
A Turquia saiu do armário.
Um dos pólos têxteis mais importantes do mundo, o país ultrapassou os limites dos parques industriais e deu as caras
na passarela com a primeira
edição do Istanbul Fashion
Days, a já bastante promissora
semana de moda turca.
O evento, que aconteceu em
Istambul entre os dias 26 e 29
de agosto, é uma iniciativa do
governo turco, em conjunto
com associações do setor, para
criar um núcleo de design no
país -que conta com uma
grande estrutura de fábricas
voltadas à produção de roupas,
tecidos e acessórios.
Muitos fashionistas viciados
nas grifes de Paris e Milão não
sabem que peças de grifes como
Armani, Dolce & Gabbana e
Gucci são feitas na Turquia.
"Somos o segundo maior fornecedor de roupas para a Europa e o quarto maior do mundo.
Produzimos da fibra ao aviamento, temos mão-de-obra especializada e uma posição geográfica fantástica. Agora, com a
semana de moda, queremos
fortalecer a imagem do nosso
design", afirma Hikmet Tanriverdi, diretor do Itkib (Istanbul
Textile & Apparel Exporters"
Association), associação que
controla as exportações do setor têxtil, responsável por 17%
do total das vendas da Turquia
ao exterior.
O grupo tem planos ambiciosos para o Istanbul Fashion
Days. A associação quer transformar o evento na quinta
maior semana de moda do
mundo até 2023 (atrás de Paris,
Milão, Nova York e São Paulo).
Apesar dos tropeços comuns
a eventos iniciantes, como problemas de iluminação e equívocos de styling e direção de arte,
os organizadores já mostraram
que não estão de brincadeira.
As marcas apresentaram
suas coleções no prédio da faculdade de arquitetura da Universidade Taskisla, uma construção muito imponente erguida em 1853 para ser usada por
militares otomanos.
Os fashionistas circularam
pelos corredores amplos, com
janelões charmosos, e assistiram aos desfiles em dois espaços montados dentro das salas
maiores. O pátio interno, na
verdade um grande jardim,
cheio de árvores, flores e mesas
com bancões confortáveis, funcionou como um mix de área de
descanso e espaço para coquetéis e festinhas do evento.
Porém, para a próxima edição, o espaço talvez precise ser
ampliado, já que as salas de desfile não foram grandes o suficiente nem mesmo para abrigar os convidados desta primeira edição. "Vamos repensar o
local, o calendário, trazer modelos internacionais, enfim,
ajustar tudo. Foi uma surpresa
termos atraído tanta atenção
assim de imediato, sinal de que
há um grande potencial a ser
desenvolvido", diz Tanriverdi,
que pretende mandar "olheiros" à São Paulo Fashion Week.
Algumas das 21 grifes do Istambul Fashion Days são veteranas do mercado local, caso de
nomes como Gizia, Arzu Kaprol e Hakan Yildirim. Sem negar a pegada oriental, carregada
de um certo exagero autêntico,
sensual e delicioso, esses designers e marcas mais escolados
não caíram na armadilha da cópia europeizada que prejudicou
grifes menos experientes, sobretudo as de moda jovem.
Entre os looks mostrados na
passarela, o ponto alto foi a
grande variedade de vestidos
vaporosos, feitos em sedas finíssimas e outros tecidos de encher os olhos. Frescos, elegantes e cheios de presença, esses
looks dão pistas daquilo que
mundo pode vir a reconhecer
como o "estilo" da Turquia.
Simpáticos e estilosos, os istambulis prometem. No futuro,
o banho de loja dos fashionistas
pode vir a ser, quem diria, um
legítimo banho turco!
A jornalista viajou a convite da organização do
Istanbul Fashion Days
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