São Paulo, domingo, 04 de setembro de 2011

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CRÍTICA COMÉDIA

Sucesso argentino aposta em bom roteiro e no talento de Ricardo Darín

SYLVIA COLOMBO
DE BUENOS AIRES

As comédias românticas e comerciais andam num bom momento na Argentina. Caso de "Um Conto Chinês", que levou mais de 900 mil espectadores ao cinema, e de sucessos recentes como "Viudas", de Marcos Carnevale.
Falar de "comédia romântica e comercial" pode levar o público mais sofisticado a torcer o nariz, imaginando algum besteirol. Mas o cinema argentino não perde a classe e, mesmo num gênero menor, traz sempre um bom roteiro e, dependendo dos atores, grandes interpretações.
Este é justamente o caso de Ricardo Darín, o ator mais talentoso e paparicado da Argentina nos dias de hoje. Em "Um Conto Chinês", vive Roberto, veterano da Guerra das Malvinas que vive encerrado em sua loja de ferragens.
Roberto é um misantropo. Por conta das circunstâncias que viveu, foge do assédio de uma linda mulher que o rodeia, faz as refeições sozinho e tem mil manias, como a de dormir todas as noites na hora em que o relógio bate 23h.
Sua única paixão parece ser recortar e guardar histórias sensacionais e pouco verossímeis que lê nos jornais. Elas lhe reforçam a convicção de que nada faz sentido.
Até que um rapaz chinês surge por acidente em sua vida, perdido na capital argentina.
Roberto reluta em acolhê-lo e faz tudo para entregá-lo logo, para a polícia, para representantes diplomáticos e até para uma falsa família.
Obrigado pelas circunstâncias a conviver com o estrangeiro, com o qual se comunica através de gestos e muitas caras feias, Roberto vai fazendo uma viagem interior à sua própria personalidade.
A Buenos Aires que aí aparece é desglamourizada, a cidade dos arredores, ou a do bairro chinês, sempre da vida sem grandes expectativas.
Aos poucos, porém, aquela que parece ter sido a experiência mais inusitada que já viveu acaba provando a Roberto que, sim, alguma coisa no mundo faz sentido.
O filme é terno e diverte, enquanto o roteiro traz bons diálogos. Há, porém, demasiada dependência com relação ao talento de Darín. Os outros atores não chegam a seus pés e, quando as cenas se amparam neles, o filme patina. Ainda assim, trata-se de uma boa comédia.

UM CONTO CHINÊS

DIREÇÃO Sebastián Borensztein
PRODUÇÃO Argentina, 2011
COM Ricardo Darín, Javier Pinto
ONDE Reserva Cultural, Espaço Unibanco Augusta e circuito
CLASSIFICAÇÃO 14 anos



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