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CRÍTICA
Um filme pela metade
THALES DE MENEZES
da Reportagem Local
"Missão Impossível" foi um desastre. "Perdidos no Espaço" ia
bem, mas derrapou no roteiro. As
esperanças de um bom filme de cinema baseado em série de TV dos
anos 60 ficam agora depositadas
em "Jeannie É um Gênio" (previsto para 1999), já que este "Os Vingadores" também erra o alvo.
Os cinemas deveriam cobrar
meia de todos os espectadores. Afinal, o filme só funciona até a metade. Depois, degringola.
A idéia era recriar o clima de sofisticação de "Avengers", a mais
sofisticada série que a TV inglesa já
produziu. Os agentes John Steed e
Emma Peel atravessaram os anos
60 numa série em que parar para
tomar o chá era tão importante
quanto lutar com os bandidos.
Steed, sempre de terno risca-de-giz, guarda-chuva e chapéu-coco,
era mais cerebral, embora soubesse lutar, atirar e esgrimir como
poucos. Emma, o exemplar perfeito da garota "swingin' London",
com minissaias, botas e blusas justíssimas, era o lado intempestivo
da dupla, era o físico que complementava o cérebro de Steed.
Para o cinema, os produtores
desprezaram, com justiça, qualquer referência a "New Avengers",
frustrada tentativa de recriar a série nos anos 70.
O filme bebe direto nos personagens originais, com sutis diferenças. Ralph Fiennes (de "O Paciente
Inglês") faz um Steed mais jovem e
atlético. Uma Thurman oferece a
Emma as curvas insinuantes que
nem Diana Rigg, a mais famosa das
atrizes que interpretaram o personagem, conseguiu.
Enquanto o filme se preocupa
em mostrar o encontro dos dois e
seus problemas iniciais de entrosamento, em clima romântico, é um
passatempo muito divertido.
A partir da entrada de Sean Connery em cena, como um vilão que
inventou mecanismos para controlar o clima do planeta e ameaça
o governo inglês com chantagem,
o filme perde o rumo.
O clima de comédia sofisticada
cede lugar a uma profusão de efeitos especiais, num total desperdício de orçamento. Steed e Emma
fazem proezas físicas que poderiam ficar bem para Stallone ou
Schwarzenegger, mas caem no ridículo protagonizadas por um casal de ingleses franzinos.
Como em "Godzilla", "Batman"
e "Família Adams", mais uma vez
falta roteiro. É de ofender a inteligência da platéia.
O filme vale a pena? Se o nível de
exigência do espectador não estiver muito alto, até que passa. Afinal, só o guarda-roupa arrasa-quarteirão de Uma Thurman é de
pulverizar qualquer libido.
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