São Paulo, sexta, 4 de setembro de 1998

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CRÍTICA

Um filme pela metade

THALES DE MENEZES
da Reportagem Local

"Missão Impossível" foi um desastre. "Perdidos no Espaço" ia bem, mas derrapou no roteiro. As esperanças de um bom filme de cinema baseado em série de TV dos anos 60 ficam agora depositadas em "Jeannie É um Gênio" (previsto para 1999), já que este "Os Vingadores" também erra o alvo.
Os cinemas deveriam cobrar meia de todos os espectadores. Afinal, o filme só funciona até a metade. Depois, degringola.
A idéia era recriar o clima de sofisticação de "Avengers", a mais sofisticada série que a TV inglesa já produziu. Os agentes John Steed e Emma Peel atravessaram os anos 60 numa série em que parar para tomar o chá era tão importante quanto lutar com os bandidos.
Steed, sempre de terno risca-de-giz, guarda-chuva e chapéu-coco, era mais cerebral, embora soubesse lutar, atirar e esgrimir como poucos. Emma, o exemplar perfeito da garota "swingin' London", com minissaias, botas e blusas justíssimas, era o lado intempestivo da dupla, era o físico que complementava o cérebro de Steed.
Para o cinema, os produtores desprezaram, com justiça, qualquer referência a "New Avengers", frustrada tentativa de recriar a série nos anos 70.
O filme bebe direto nos personagens originais, com sutis diferenças. Ralph Fiennes (de "O Paciente Inglês") faz um Steed mais jovem e atlético. Uma Thurman oferece a Emma as curvas insinuantes que nem Diana Rigg, a mais famosa das atrizes que interpretaram o personagem, conseguiu.
Enquanto o filme se preocupa em mostrar o encontro dos dois e seus problemas iniciais de entrosamento, em clima romântico, é um passatempo muito divertido.
A partir da entrada de Sean Connery em cena, como um vilão que inventou mecanismos para controlar o clima do planeta e ameaça o governo inglês com chantagem, o filme perde o rumo.
O clima de comédia sofisticada cede lugar a uma profusão de efeitos especiais, num total desperdício de orçamento. Steed e Emma fazem proezas físicas que poderiam ficar bem para Stallone ou Schwarzenegger, mas caem no ridículo protagonizadas por um casal de ingleses franzinos.
Como em "Godzilla", "Batman" e "Família Adams", mais uma vez falta roteiro. É de ofender a inteligência da platéia.
O filme vale a pena? Se o nível de exigência do espectador não estiver muito alto, até que passa. Afinal, só o guarda-roupa arrasa-quarteirão de Uma Thurman é de pulverizar qualquer libido.



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