São Paulo, quinta-feira, 04 de outubro de 2001
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Utopia em cartaz
MARCIA VINHA FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM MOSCOU Encerrada a guerra civil russa em 1922, surge um novo país: a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Desde 1917, quando se instaurou o embate, o saldo foi de 13 milhões de mortos. Poucos sabem, mas uma arte de extrema qualidade e amplamente consumida pelas massas foi o instrumento principal da maior revolução do século passado e uma das mais importantes da história universal: a Revolução Bolchevique. Parte dessa produção, 147 obras, chegará ao Brasil em uma semana, revelando que, apesar de ter quase um século, essa forma de arte ainda permanece indigesta para ilustres críticos de arte. "Gráfica Utópica -0Arte Gráfica Russa 1904-1942" é o nome da exposição que abre dia 10 de outubro no Centro Cultural Banco do Brasil de Brasília. Os aspectos de teoria artística que são levantados na mostra são apenas o início de uma contribuição mais estreita entre a Rússia e o Brasil, garantem os organizadores. Será uma oportunidade única de vermos litografias, pinturas a guache e fotomontagens originais de grandes nomes da vanguarda russa, como o suprematista Kasimir Malevitch, os construtivistas Aleksandr Rodchenko e os irmãos Vladimir e Gueorgui Steinberg. Um dos pontos altos da mostra é a apresentação da produção visual do poeta Vladimir Maiakóvski, que revolucionou a linguagem poética russa com o futurismo e construtivismo dos anos anteriores e posteriores à revolução de outubro de 1917. Dentre as preciosidades da exposição, há nove gravuras de Rodchenko ilustrando um poema de amor de Maiakóvski a Lili Brik, sua amada. Na mostra, trechos do poema dispostos ao lado das obras sugerem uma disposição harmônica de "formaconteúdo", tão explorado pelos vanguardistas russos. Disposta em ordem cronológica, a apresentação dos quadros estabelece uma relação entre a produção artística e os acontecimentos históricos na recém-nascida URSS até a ascensão de Stálin. Embora os artistas russos dessa época estejam sempre sujeitos a restrições teóricas, é também correto afirmar que os jovens designers, poetas, fotógrafos, artistas plásticos e atores de então eram revolucionários. Nos anos 10, a maioria deles dedicava-se ao violento experimentalismo artístico, herdeiros de uma já existente tradição gráfica de influências francesas, inglesas, alemãs e japonesas. O que torna a mistura experimentalista exuberante não é a convergência do Oriente e do Ocidente, mas o estímulo político de produzir arte. Gráfica Utópica - Arte Gráfica Russa 1904-1942 - exposição de cartazes russos. Onde: Centro Cultural Banco do Brasil Brasília (SCES, trecho 2, lote 22, tel. 0/xx/61/310-7087). Quando: de ter. a dom., das 13h às 19h30; até 25/11. Quanto: entrada franca. Texto Anterior: Programação de TV Próximo Texto: Exposição: Curador vê influência russa no Brasil Índice |
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