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Relatório do setor mostra que formato alavancou vendas em 2004, mas prevê retração em 2005
DVD salva mercado musical
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
O mercado fonográfico brasileiro recuperou em 2004 o terreno
perdido em 2003, mas pode ver
desaparecer neste ano parte do
que reconquistou. Essa gangorra
é a imagem resultante do relatório
divulgado ontem pela ABPD (Associação Brasileira dos Produtores de Discos), que apresenta os
números do ano passado e a prévia do primeiro semestre de 2005.
Entre 1997 e 2002, o mercado
formal caiu 50%. O abismo se
aprofundou em 2003: em relação
ao ano anterior, caíram as cifras
movimentadas (R$ 726 milhões
para R$ 601 milhões) e as unidades vendidas (75 milhões para 56
milhões). A temporada 2004 foi
de alívio: R$ 706 milhões (17% de
crescimento) e 66 milhões (18%).
"Preferimos não falar em crescimento [em 2004], porque o mercado sofreu vários revezes nos últimos anos. Tivemos uma pequena recuperação por causa de uma
melhor situação macroeconômica do país e do grande aumento
da venda de DVDs", avalia o diretor-geral da ABPD, Paulo Rosa.
Mas o alívio pode ter sido temporário. Nos primeiros seis meses
deste ano, já se constatou um recuo de 12,9% em valores e 19,4%
em unidades vendidas.
"Em 2005, a situação do consumo se deteriorou no Brasil. E a
venda de DVDs está apresentando retração em todo o mundo.
Mas acreditamos que, no final do
ano, o resultado dos DVDs ainda
será positivo", diz Rosa. Para ele, a
tendência de queda no mercado
pode ser atenuada pelos lançamentos de final de ano.
O super-herói das gravadoras
brasileiras é mesmo o DVD. A
venda dos discos audiovisuais
mais do que dobrou em 2004:
101% em valores (R$ 180 milhões)
e 107% em unidades vendidas (7,3
milhões). Em nenhum outro país
houve um crescimento desse porte. Nos CDs, a recuperação nacional foi de apenas 2,9%.
Os DVDs respondem hoje por
26% da receita das empresas do
país, enquanto nos EUA a fatia é
de 5% e, no Japão, líder no segmento, é de 11%. O Brasil é o sétimo no ranking dos DVDs, enquanto é só o 12º no geral -subiu
uma posição desde o ano passado, ultrapassando o México.
Para Rosa, é inevitável que as
gravadores continuem apostando
nos DVDs, ainda que variando
seu formato, hoje mais voltado
para a reprodução de shows.
O proprietário da independente
Trama, João Marcello Bôscoli,
acha que as grandes empresas estão dando um tiro no pé. "Essa
noção de que o DVD substitui o
CD é uma loucura. A música não
pode perder uma mídia exclusiva.
Se não tomarmos cuidado, pode
haver um colapso, pois é uma mídia cara para a gravadora. E não
são todos os artistas que funcionam como imagem", diz Bôscoli.
"A participação dos DVDs, para
os independentes, é menos importante do que para as "majors",
pela natureza dos custos. A tendência também é de crescimento,
mas ainda são necessários uns
dois ou três anos para estabilizar",
disse Pena Schmidt, presidente da
ABMI (Associação Brasileira de
Música Independente).
O alívio brasileiro contribuiu
para que a América Latina seja a
região com o melhor desempenho em 2004: aumento de 9,2%
em unidades e 12,6% em valores,
movimentando US$ 1 bilhão. Das
outras regiões, só a América do
Norte cresceu: 2,6% em unidades
e 2,2% em valores. Essa variação
se deve à recuperação do líder
mercado americano: mais 2,6%
em valores (US$ 12,1 milhões).
Usher, com "Confessions", foi
quem mais vendeu CDs no mundo em 2004, superando Norah Jones, Eminem, U2 e Avril Lavigne.
No Brasil, os sertanejos continuam fortes, com Leonardo e
Bruno & Marrone encabeçando o
top 20 de CDs. Ivete Sangalo, terceira nos CDs, lidera os DVDs.
Mas, nas gavetas criadas pela indústria, o pop/rock continua predominando nas vendas: 34% dos
CDs e 41% dos DVDs. Um dos
principais responsáveis é o U2,
com "How to Dismantle an Atomic Bomb": sétimo na lista de
CDs e segundo na de DVDs.
Em 2004, a ABPD não aferiu o
quinhão da pirataria, mas Paulo
Rosa acredita que ele esteja estabilizado na faixa de 2003, 52%.
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