DA REPORTAGEM LOCAL

Violência, corrupção, terror, pornografia: assuntos que nos assaltam com grande freqüência, mas sempre sob as sombras das preocupações diárias. Agora, de hoje até o dia 24 de novembro, em encontros na Biblioteca Municipal Mário de Andrade, tais contingências receberão um tratamento diferente, sendo debatidas por especialistas dispostos a examinar um sentido mais histórico e transcendente para elas.
Serão oito encontros, divididos dois a dois, para tratar dos quatro assuntos. "A idéia é abordar temas atuais, mas dando-lhes um tratamento menos conjuntural. Em vez de discutir o desarmamento, discutir a violência. Em vez da crise do governo, a corrupção no Império e na República", explica Luís Francisco Carvalho Filho, diretor da biblioteca e um dos organizadores do ciclo.
No primeiro de cada série, uma discussão de caráter mais direto e histórico sobre a realidade. No segundo, uma abordagem dos reflexos que possa ter a realidade na literatura ou do modo como esta prefigura a outra. Em seguida, por exemplo, ao debate sobre terrorismo, entre os professores Denis Rosenfield e Luiz Cláudio Figueiredo, uma análise do livro "Os Demônios", de Fiódor Dostoiévski.
Não se trata, obviamente, de uma relação da ordem das coincidências. "Desse modo, além de serem debates mais ricos, atraem um público mais variado e ainda se respeita a vocação natural da biblioteca, como espaço de discussão literária", diz Carvalho.
Para além dos possíveis resultados das discussões, fortalece-se também a campanha pela recuperação da biblioteca, que, nas palavras do próprio Carvalho, "passa por uma crise profunda". Entre os vários problemas que cita, destacam-se a deterioração do prédio como um todo, a falta de funcionários, a saturação do espaço e a conseqüente impossibilidade de expansão, que impede a atualização do acervo.


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