|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Videoartista uruguaio faz latinos dominarem o mundo
"Periferia são os outros", diz Martín Sastre, que apresenta os vídeos de sua "Trilogia Iberoamericana" e conversa com o público no Sesc Avenida Paulista
DENISE MOTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Martín Sastre encontrou o
sucesso e não tem dúvidas sobre a existência. Ele está à frente de seu tempo, instalado mais
precisamente a partir de 2492,
e, caso você queira saber onde
fica o centro do Universo, ele
lhe indicará -com a segurança
dos heróis e dos visionários e
uma linguagem recheada dos
mais repisados clichês do cinema- que o topo do mundo está,
literalmente, em um lugar bem
perto de você.
Assim, o personagem de
Martín Sastre -que destruiu
Hollywood e, entre outros feitos, garantiu o controle do planeta à América Latina- dá voz
ao artista Martín Sastre, uruguaio de 30 anos que chega a
São Paulo para apresentar essas e outras visões de um futuro
glamouroso, paródico e pop em
encontro com o público, acompanhado por exibições de sua
"Trilogia Iberoamericana".
"Penso que nós, artistas de
lugares mal chamados de periféricos, somos os que atualmente oferecemos um novo
discurso", disse à Folha.
Radicado na Espanha há
quatro anos, Sastre, que trabalha com vídeo, fotografia, desenho, escultura e que teve seus
trabalhos presentes nas bienais
de São Paulo, Havana e Veneza,
iniciou a trilogia -composta
por "Videoart: The Iberoamerican Legend", "Montevideo:
The Dark Side of the Pop" e
"Bolivia 3: Confederation
Next"- após receber uma bolsa do governo espanhol.
"A periferia está na moda,
mas não devemos esquecer que
a moda é outro invento ocidental para controlar o mundo, como a Arte (com maiúscula), a
tendência, a modernidade etc.
A padronização do pensamento é o que leva ao esgotamento
de idéias. Não somos periferia,
periferia são os outros."
Ao defender a união e o poder latino-americanos, o uruguaio faz uma espécie de releitura debochada de pressupostos defendidos por seu conterrâneo Joaquín Torres García
(1874-1949) e expostos no clássico "América", quando García
representou o continente de
cabeça para baixo. "Cresci com
essa imagem", afirma Sastre.
Chamado aos leitores
"A América leva um nome errado, o de um colonizador e
geógrafo europeu. Aproveito
esta entrevista para fazer uma
proposta aos leitores da Folha:
que façamos algo para mudar o
nome do continente e que ele
passe a se chamar Bolívia. Já se
vê, Bolívia é o futuro."
Sastre também tem uma fundação dedicada a patrocinar a
arte "muito pobre". No próximo ano, iniciará o programa
"Adote um artista latino", que
coletará colaborações para
projetos independentes.
O uruguaio agora trabalha
em um novo vídeo, "Freaky
Birthday", baseado no fato de
haver nascido no mesmo dia
em que Robbie Williams. De
volta à ativa, portanto, o personagem da trilogia, mesmo prestes a se transformar em cantor
pop, não perde de vista seu objetivo principal: "Para dominar
o mundo, ainda me faltam alguns anos".
ENCONTROS SESC VIDEOBRASIL COM MARTÍN SASTRE
Quando: sexta, às 20h
Onde: Sesc Avenida Paulista (av. Paulista, 119, São Paulo, tel. 0/xx/11/3179-3700)
Quanto: entrada franca (retirada de
ingressos a partir das 19h)
Texto Anterior: Marcelo Coelho: O homem de gelo Próximo Texto: A trilogia Sastre Índice
|