São Paulo, quinta-feira, 04 de novembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EXPOSIÇÃO

201 imagens premiadas pelo World Press Photo serão exibidas para o público a partir de amanhã, no Sesc Pompéia

Nata da produção fotojornalística volta a SP

Carolyn Cole
Foto de Carolyn Cole, do jornal "LA Times", sobre o massacre na Libéria, que faz parte da mostra fotográfica no Sesc Pompéia


EDER CHIODETTO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A Guerra do Iraque, os conflitos em Gaza, o terremoto no Irã, a guerra civil na Libéria e o blecaute em Nova York estão entre os principais fatos e as melhores fotos que a exposição do World Press Photo mostra a partir de hoje no Sesc Pompéia, em São Paulo, numa reunião do supra-sumo da produção fotojornalística mundial realizada no ano passado.
Fundado em 1955 e com sede em Amsterdã, na Holanda, o World Press Photo realiza anualmente um concurso em escala mundial com a finalidade de "estimular repórteres-fotográficos e manter as pessoas atentas acerca dos acontecimentos no mundo", como afirma Bart Schoonus, gerente de projetos do WPP que veio ao Brasil para acompanhar a montagem das 201 imagens que formam essa 47ª edição.
Nesta última competição houve número recorde de inscrições: 63.093 imagens feitas por 4.116 fotógrafos de 124 países. Para escolher as vencedoras, é convocado anualmente um júri internacional composto por 13 membros. O WPP é o maior e mais influente concurso do gênero. Terminada a seleção, são montadas três exposições com a totalidade dos trabalhos vencedores para viajar por 80 cidades em 40 países.
Neste ano, graças à ação da jornalista e produtora cultural Martha Batalha, o Brasil foi incluído no roteiro oficial. A mostra já havia vindo para cá por quatro vezes, sendo que a última foi no Sesc Vila Mariana em 2002. Batalha tenta agora um patrocinador fixo para que o Brasil seja um ponto obrigatório de passagem da mostra todos os anos.

Categorias
Tanto o concurso quanto a exposição são divididos em dez categorias, além do grande prêmio, que abarcam desde "Principais Fatos do Ano" até "Retratos" e "Esportes e Ação". Vistos em perspectiva, reunidos e condensados, os grandes fatos do ano passado, que dominaram o jornalismo, traduzidos em imagens vibrantes, formam um painel que narram como caminha a humanidade neste início de século. O tom predominante, como não poderia deixar de ser, é o da denúncia.
O grande prêmio desta edição, no valor de US$ 15 mil foi para o fotógrafo Jean-Marc Bouju, pela imagem de um prisioneiro iraquiano consolando seu filho.
Além de premiar imagens avulsas, o WPP também contempla, em todas as categorias, histórias narradas numa série de fotos, como foi o caso do impressionante trabalho do fotógrafo francês Noël Quidu, da agência Gamma, que realizou um ensaio sobre a sangrenta guerra civil da Libéria para a revista "Newsweek". Para a mesma publicação destaca-se também a série de fotos do blecaute em Nova York, da finlandesa Ilkka Uimonen, da Magnum.

Humor
Mas nem tudo são horror e iniqüidade no mundo do fotojornalismo. É o caso do divertido ensaio do dinamarquês Erik Refner sobre o encontro de roqueiros retrô, que ocorre duas vezes por ano no vilarejo de Hamsby, na Inglaterra. Os participantes se vestem e se portam tal qual a geração de seus pais ao som de Elvis Presley, por exemplo. Refner fotografou em preto-e-branco e com uma estética que também remete ao fotojornalismo dos anos 50. Faturou assim o segundo lugar na categoria "Daily Life Stories".
Na mesma linha de humor -e também em preto-e-branco, como a maior parte das fotos da mostra-, a renomada fotógrafa Mary Hellen Mark registrou duas irmãs em um concurso de gêmeos em Ohio, nos Estados Unidos.
Na categoria "Retratos" o vencedor foi o inglês Nick Danziger, com a imagem que mostra o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, olho no olho com o presidente americano, George Bush.
Feita para a "Saturday Times Magazine", um dia antes de as tropas americanas invadirem o Iraque, a fotografia sugere a leitura de Bush se olhando no espelho e vendo a imagem de Blair refletida no lugar da sua. Oportuna.
Nesta edição não há brasileiros premiados. Sebastião Salgado, porém, é um dos maiores vitoriosos do WPP, com três premiações nos anos de 85, 89 e 92.

WORLD PRESS PHOTO 2004. Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, SP, tel. 0/xx/ 11/3871-7700). Quando: abertura hoje, às 20h, para convidados. De amanhã até 5 de dezembro (de ter. a sáb., das 9h30 às 20h30; e dom. e feriados, das 9h30 às 19h30). Quanto: entrada franca. Patrocinadores: TNT, Canon e Sesc.


Texto Anterior: TV: Colecionador de loiras faz "demissão em série" na Record
Próximo Texto: Registro da guerra é grande vencedor
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.