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Crise entre irmãos marca volta de série
Segunda temporada de "Filhos do Carnaval" estréia em 2009 no HBO; papel de mulheres também aumenta
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Dar continuidade a "Filhos
do Carnaval" sem a presença de
seu personagem principal foi
uma maneira que os roteiristas
Elena Soarez e Cao Hamburger
-que também assina a direção
geral- encontraram para prestar homenagem a Jece Valadão
(1930-2006). Na pele do contraventor Anésio Gebara, o
ator, mesmo depois de converter-se ao cristianismo, aceitara
voltar aos sets de filmagem interpretando o patriarca de uma
família de contraventores, na
série em seis episódios exibida
no canal HBO há dois anos.
Com produção da O2 e orçamento de R$ 8 milhões, a segunda temporada de "Filhos do
Carnaval" terá sete episódios e
deve estrear no segundo semestre de 2009. Nela, Gebara
morre obrigando seus três filhos -um oficial e dois bastardos- a levar adiante os negócios escusos da família.
"Nessa temporada falamos
muito sobre heranças -psicológicas, os traumas, as maldições e as heranças físicas", diz
Hamburger. O universo da contravenção segue como pano de
fundo na composição dos dramas dos personagens.
"A primeira temporada era
com eles querendo ser filhos,
querendo a qualquer custo o
amor desse pai, que lhes é negado. Na segunda temporada, a
gente tem como guia uma questão: eles vão conseguir ser irmãos, mesmo com tanto interesse no meio, com tanto recalque, com tanta diferença de
classe?", diz Soarez em entrevista num dos camarotes da
quadra da escola de samba Mocidade Independente de Padre
Miguel, na zona oeste do Rio.
A uni-los, o aparecimento de
um inimigo do passado que tem
"um grau de parentesco estranho e surpreendente com a família", nas palavras da roteirista. Comodoro "é um homem
que cultivou a vingança por 20
anos e por isso tem muitas
doenças: deficiência renal, diabetes, pressão alta, labirintite e
um câncer linfático", diz seu intérprete, Walmor Chagas.
A separá-los, as mulheres.
Utilizando-se de "uma liberdade que o Nelson [Rodrigues]
nos deu", diz Soarez, "nós vamos ter adultério, incesto e troca de casais. Mas, as mulheres,
como os homens, vão se complicando, ficando numa situação realmente difícil. Elas também vão subindo na hierarquia
da organização criminosa".
"Fiquei contente com essas
viradas das mulheres na segunda temporada, porque eu acho
que é assim mesmo, a mulher é
que é forte", diz Shirley Cruz,
que interpreta Glória, amante
de Claudinho, um dos filhos de
Anésio. "Não é uma série violenta no sentido em que a gente
está acostumado, mas é uma
série que tem uma violência
psicológica muito forte", diz
Hamburger.
(CAIO JOBIM)
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