São Paulo, terça-feira, 04 de novembro de 2008

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Crise entre irmãos marca volta de série

Segunda temporada de "Filhos do Carnaval" estréia em 2009 no HBO; papel de mulheres também aumenta

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Dar continuidade a "Filhos do Carnaval" sem a presença de seu personagem principal foi uma maneira que os roteiristas Elena Soarez e Cao Hamburger -que também assina a direção geral- encontraram para prestar homenagem a Jece Valadão (1930-2006). Na pele do contraventor Anésio Gebara, o ator, mesmo depois de converter-se ao cristianismo, aceitara voltar aos sets de filmagem interpretando o patriarca de uma família de contraventores, na série em seis episódios exibida no canal HBO há dois anos.
Com produção da O2 e orçamento de R$ 8 milhões, a segunda temporada de "Filhos do Carnaval" terá sete episódios e deve estrear no segundo semestre de 2009. Nela, Gebara morre obrigando seus três filhos -um oficial e dois bastardos- a levar adiante os negócios escusos da família.
"Nessa temporada falamos muito sobre heranças -psicológicas, os traumas, as maldições e as heranças físicas", diz Hamburger. O universo da contravenção segue como pano de fundo na composição dos dramas dos personagens.
"A primeira temporada era com eles querendo ser filhos, querendo a qualquer custo o amor desse pai, que lhes é negado. Na segunda temporada, a gente tem como guia uma questão: eles vão conseguir ser irmãos, mesmo com tanto interesse no meio, com tanto recalque, com tanta diferença de classe?", diz Soarez em entrevista num dos camarotes da quadra da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel, na zona oeste do Rio.
A uni-los, o aparecimento de um inimigo do passado que tem "um grau de parentesco estranho e surpreendente com a família", nas palavras da roteirista. Comodoro "é um homem que cultivou a vingança por 20 anos e por isso tem muitas doenças: deficiência renal, diabetes, pressão alta, labirintite e um câncer linfático", diz seu intérprete, Walmor Chagas.
A separá-los, as mulheres. Utilizando-se de "uma liberdade que o Nelson [Rodrigues] nos deu", diz Soarez, "nós vamos ter adultério, incesto e troca de casais. Mas, as mulheres, como os homens, vão se complicando, ficando numa situação realmente difícil. Elas também vão subindo na hierarquia da organização criminosa".
"Fiquei contente com essas viradas das mulheres na segunda temporada, porque eu acho que é assim mesmo, a mulher é que é forte", diz Shirley Cruz, que interpreta Glória, amante de Claudinho, um dos filhos de Anésio. "Não é uma série violenta no sentido em que a gente está acostumado, mas é uma série que tem uma violência psicológica muito forte", diz Hamburger.
(CAIO JOBIM)



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