LEANDRO BEGUOCI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os destaques da música erudita em 2006 recebem na noite de hoje o Prêmio Carlos Gomes, um dos mais prestigiosos entre o público e o palco das salas de concerto do Brasil.
A cerimônia começa às 20h30 no Auditório Ibirapuera com a apresentação da orquestra Prelúdio, da Rádio Cultura. O maestro será Julio Medaglia. No programa, Mozart: "Bodas de Fígado", "Cosi fan Tutte" e concerto para clarinete e orquestra.
Entre os premiados (veja ao lado) estão a Orquestra Sinfônica da USP (categoria orquestra e conjunto instrumental), o novo compositor residente da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo, André Mehmari (revelação do ano), e Eliane Coelho (solista vocal feminino) -que ganhou o prêmio por unanimidade graças à sua atuação na ópera "Gioconda". O Troféu Carlos Gomes foi criado pelo artista plástico Arcângelo Ianelli -nascido em 1922, ano da Semana de Arte Moderna.
Com abrangência nacional, o Carlos Gomes está em sua 11ª edição. Medaglia afirma que a maior virtude do prêmio é "mostrar que tem alguém prestando atenção no trabalho da gente". Para o maestro, apesar de a "música erudita viver um momento muito bom, com um concerto melhor do que o outro", a exposição é muito baixa. "Vender bacalhau é fácil, quero ver é vender caviar."
A homenagem à Sinfônica da USP e a Mehmari mostra a disposição do prêmio. Na USP, o maestro Carlos Moreno introduziu o ciclo de compositores e a rotatividade dos músicos (sem perder o tom). "Música de orquestra é para "rachar", não pode ser burocrática, o músico tem de sair do palco satisfeito como artista", diz Moreno.
Mehmari afirma que é possível o diálogo sem anulação. Ele é oriundo da música popular, vista ainda com um tanto de preconceito entre os eruditos mais tradicionais. "Continuo com um pé no popular e outro no erudito. As terminologias são diferentes, os estilos são diferentes, mas não são dois universos distintos."

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