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Banda "celebrity" traz som estridente
"Vibrações do novo rock nos fazem tocar mais sujo", diz Thomas Mars, vocalista da Phoenix, que toca no Nokia Trends
Surgida na virada do século, banda francesa participou da trilha e do elenco de filmes de Sofia Coppola, com quem músico teve filha
Divulgação
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Os integrantes da banda Phoenix em Versailles, no subúrbio de Paris, onde moram; grupo é atração principal do Nokia Trends
LÚCIO RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
É uma espécie de Queda da
Bastilha do rock. Ou a segunda
Revolução Francesa, agora em
versão musical. Ou ainda, como
os críticos franceses celebram,
um movimento de guitarras
comparável ao punk na Inglaterra e nos EUA em 1976.
Amparado por rádios e revistas, um público entusiasmado e
uma esmagadora quantidade
de novas bandas que se comunicam em meio a outra revolução, a da internet, o novo rock
francês cresce, aparece e vira
produto de exportação.
Meca do Air, Daft Punk e da
moderna música eletrônica em
geral, a França assiste o fim da
piada de que "o rock francês é
igual à comida inglesa". A banda "indie-celebrity" Phoenix é a
principal atração do festival
Nokia Trends, que acontece
neste sábado em São Paulo, no
Memorial da América Latina. O
quarteto de garotas Plastiscines é o preferido das revistas de
música e moda nos EUA e na
Itália. A Inglaterra celebra os
meninos do Teenagers, que
tem fã-clube no Japão. E o vocalista do Second Sex, de 17
anos, berra para o mundo ouvir: "Lick my Boots" ("Lamba
as minhas botas").
"É nosso melhor momento.
Dá para dizer agora, sem vergonha, que a França respira rock.
A nova geração está excitadíssima por finalmente conseguir se
expressar com guitarras", diz
Thomas Mars, vocalista da
Phoenix, que estrela em São
Paulo o evento que ainda tem
os grupos She Wants Revenge e
o australiano moderno Van
She, entre outros.
Grupo que nasceu na virada
do século e fez fama graças a
um classudo soft-rock afrancesado, o Phoenix ganhou trânsito livre no cinema por conta do
romance de Thomas Mars com
a diretora e produtora Sofia
Coppola, de "Encontros e Desencontros" e "Maria Antonieta", filmes que têm o Phoenix
na trilha (primeiro caso) ou na
atuação (os integrantes do grupo formaram a banda da corte
da rainha, no segundo).
Inglês e francês
O show que o Phoenix traz ao
Brasil é baseado na turnê do último álbum do grupo "It's Never Been Like That", lançado
em meados de 2006 e que representou uma guinada do som
da banda rumo ao rock mais estridente, bagunçado, que faz o
grupo se inserir bem nessa nova onda francesa adolescente.
"Nossa música nunca teve
um rótulo certo e sempre esteve em constante mutação. Se as
vibrações do novo rock nos fazem tocar mais sujo, não vejo
problema dessa sintonia sonora com a garotada", justifica
Mars, que sempre cantou em
inglês, mas que no calor da nova cena do rock francês já cogita botar no próximo disco de
sua banda algumas canções na
sua língua de origem.
"Vocês vão ver nossa performance ao vivo. No palco, a banda está muito mais rock'n'roll
do que em estúdio."
Apesar do caráter internacional adquirido com a certa fama,
o Phoenix não deixou de ter
Versailles, no subúrbio de Paris, como moradia. "Não temos
motivos para largar a França.
Ainda mais agora que Paris está
com uma movimentação musical incrível", diz o vocalista.
Papo de sempre em entrevistas de artistas estrangeiros a caminho de se apresentar no Brasil, Mars se mostrou entusiasmado em tocar em São Paulo.
"Nossa expectativa em tocar no
Brasil é alta, principalmente
em uma cidade como São Paulo. Todos nossos amigos que já
passaram por aí dizem que a cidade é incrível e que o público
local faz qualquer show de rock
ser bastante excitante."
O Phoenix planeja lançar seu
próximo disco, o quarto da carreira, no verão europeu de
2008. Mars adianta que algumas das músicas novas devem
aparecer em primeira mão ao
público brasileiro, no sábado.
"Mas devem ser poucas. Temos algumas canções prontas,
mas elas podem mudar, de
acordo com o tempo que passarmos no estúdio, o que acontecerá nos próximos meses. Somos uma banda que procuramos sempre se reinventar, então é normal começarmos a
gravar com algumas idéias concebidas, mas no fim de nosso
tempo no estúdio percebermos
que o disco sairá totalmente diferente do que planejávamos a
princípio", revela o vocalista.
"Mas agora estamos concentrados nessa viagem à América
do Sul. Viajar para tocar, para
nós, é como sair em férias. Adoramos viajar e conhecer lugares. Nos envolvemos com um
show mais ou menos duas horas por dia. O resto do tempo tiramos para nos divertir"
Um dia antes de se apresentar no Brasil, na sexta, o Phoenix se apresenta em Buenos Aires. No dia seguinte ao show de
São Paulo, volta à capital argentina para um festival. Na segunda, toca em Santiago, no Chile.
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