São Paulo, terça-feira, 04 de dezembro de 2007

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Banda "celebrity" traz som estridente

"Vibrações do novo rock nos fazem tocar mais sujo", diz Thomas Mars, vocalista da Phoenix, que toca no Nokia Trends

Surgida na virada do século, banda francesa participou da trilha e do elenco de filmes de Sofia Coppola, com quem músico teve filha

Divulgação
Os integrantes da banda Phoenix em Versailles, no subúrbio de Paris, onde moram; grupo é atração principal do Nokia Trends

LÚCIO RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

É uma espécie de Queda da Bastilha do rock. Ou a segunda Revolução Francesa, agora em versão musical. Ou ainda, como os críticos franceses celebram, um movimento de guitarras comparável ao punk na Inglaterra e nos EUA em 1976.
Amparado por rádios e revistas, um público entusiasmado e uma esmagadora quantidade de novas bandas que se comunicam em meio a outra revolução, a da internet, o novo rock francês cresce, aparece e vira produto de exportação.
Meca do Air, Daft Punk e da moderna música eletrônica em geral, a França assiste o fim da piada de que "o rock francês é igual à comida inglesa". A banda "indie-celebrity" Phoenix é a principal atração do festival Nokia Trends, que acontece neste sábado em São Paulo, no Memorial da América Latina. O quarteto de garotas Plastiscines é o preferido das revistas de música e moda nos EUA e na Itália. A Inglaterra celebra os meninos do Teenagers, que tem fã-clube no Japão. E o vocalista do Second Sex, de 17 anos, berra para o mundo ouvir: "Lick my Boots" ("Lamba as minhas botas").
"É nosso melhor momento. Dá para dizer agora, sem vergonha, que a França respira rock. A nova geração está excitadíssima por finalmente conseguir se expressar com guitarras", diz Thomas Mars, vocalista da Phoenix, que estrela em São Paulo o evento que ainda tem os grupos She Wants Revenge e o australiano moderno Van She, entre outros.
Grupo que nasceu na virada do século e fez fama graças a um classudo soft-rock afrancesado, o Phoenix ganhou trânsito livre no cinema por conta do romance de Thomas Mars com a diretora e produtora Sofia Coppola, de "Encontros e Desencontros" e "Maria Antonieta", filmes que têm o Phoenix na trilha (primeiro caso) ou na atuação (os integrantes do grupo formaram a banda da corte da rainha, no segundo).

Inglês e francês
O show que o Phoenix traz ao Brasil é baseado na turnê do último álbum do grupo "It's Never Been Like That", lançado em meados de 2006 e que representou uma guinada do som da banda rumo ao rock mais estridente, bagunçado, que faz o grupo se inserir bem nessa nova onda francesa adolescente.
"Nossa música nunca teve um rótulo certo e sempre esteve em constante mutação. Se as vibrações do novo rock nos fazem tocar mais sujo, não vejo problema dessa sintonia sonora com a garotada", justifica Mars, que sempre cantou em inglês, mas que no calor da nova cena do rock francês já cogita botar no próximo disco de sua banda algumas canções na sua língua de origem.
"Vocês vão ver nossa performance ao vivo. No palco, a banda está muito mais rock'n'roll do que em estúdio."
Apesar do caráter internacional adquirido com a certa fama, o Phoenix não deixou de ter Versailles, no subúrbio de Paris, como moradia. "Não temos motivos para largar a França. Ainda mais agora que Paris está com uma movimentação musical incrível", diz o vocalista.
Papo de sempre em entrevistas de artistas estrangeiros a caminho de se apresentar no Brasil, Mars se mostrou entusiasmado em tocar em São Paulo. "Nossa expectativa em tocar no Brasil é alta, principalmente em uma cidade como São Paulo. Todos nossos amigos que já passaram por aí dizem que a cidade é incrível e que o público local faz qualquer show de rock ser bastante excitante."
O Phoenix planeja lançar seu próximo disco, o quarto da carreira, no verão europeu de 2008. Mars adianta que algumas das músicas novas devem aparecer em primeira mão ao público brasileiro, no sábado.
"Mas devem ser poucas. Temos algumas canções prontas, mas elas podem mudar, de acordo com o tempo que passarmos no estúdio, o que acontecerá nos próximos meses. Somos uma banda que procuramos sempre se reinventar, então é normal começarmos a gravar com algumas idéias concebidas, mas no fim de nosso tempo no estúdio percebermos que o disco sairá totalmente diferente do que planejávamos a princípio", revela o vocalista.
"Mas agora estamos concentrados nessa viagem à América do Sul. Viajar para tocar, para nós, é como sair em férias. Adoramos viajar e conhecer lugares. Nos envolvemos com um show mais ou menos duas horas por dia. O resto do tempo tiramos para nos divertir"
Um dia antes de se apresentar no Brasil, na sexta, o Phoenix se apresenta em Buenos Aires. No dia seguinte ao show de São Paulo, volta à capital argentina para um festival. Na segunda, toca em Santiago, no Chile.


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