|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Gotan volta com suas luzes e afetação
Banda de tango eletrônico franco-argentina faz apresentação hoje em São Paulo, menos de seis meses após último show
Apresentação marca o lançamento do álbum de
remixes "Inspiración/Espiración", que traz CD
bônus com faixa inédita
SYLVIA COLOMBO
DA REPORTAGEM LOCAL
Pouco menos de seis meses
depois de seu último show em
São Paulo, a banda de tango eletrônico franco-argentina Gotan Project volta para apresentação única na cidade, nesta
noite. O retorno tão rápido explica-se. O concerto anterior
foi um sucesso não só de público mas também de animação.
O que eles ficaram devendo,
porém, foi justamente a parte
musical. O grupo que deu início
ao processo de inovação do tango no começo da década e criou
o hype de sua variação eletrônica acabou transformando suas
apresentações ao vivo num
show de luzes e afetação.
Com a projeção de imagens
de uma Argentina turística, de
belas paisagens, cenas da noite
portenha e dançarinas de salto
alto vermelho, o concerto do
Gotan vai pouco além das sacadas criativas que fizeram o vigor de "La Revancha del Tango" (2001) e "Lunático" (2006),
seus dois álbuns de carreira.
Enquanto o primeiro lançou
o tango para as pistas de dança,
com os hits "El Capitalismo Foráneo" e "Queremos Paz", o segundo resgatou elementos que
estavam na origem do gênero,
como a batida afro, o tango-canção e o candombe, em faixas
como "Lunático" e "Celos".
Em entrevista à Folha, o guitarrista Eduardo Makaroff diz
que o Gotan quis voltar logo
justamente por conta do sucesso no Brasil. "Tocamos para
públicos diferentes, no Canecão, no Rio, com muita gente
de pé, dançando, e em São Paulo, para um público comportado, homens sérios e barbudos.
Em ambos, sentimos uma vibração muito especial", conta.
O show lança no Brasil o álbum "Inspiración/Espiración",
de 2001 -ainda inédito aqui-,
que reúne versões remixadas
de hits dos dois discos e um
CD-bônus com a inédita "La
Cruz Del Sur" e o vídeo da canção "Sentimentale".
Makaroff evita comparar o
Gotan com as outras bandas de
tango eletrônico que surgiram
na carona de seu sucesso. Prefere comentar um revival do
tango em geral, incluindo o tradicional. "É algo que não se vê
só na Argentina. Há mais criadores e intérpretes pelo mundo. Assim como o rock inglês
exportou um modelo, o tango
argentino já é algo incorporado
por outras línguas e tradições."
Nesse contexto, insere-se a
própria banda, criada em Paris
no final dos anos 90 pelo suíço
Christoph Muller, o francês
Philippe Cohen-Solal e o próprio Makaroff, que é argentino,
porém radicado na França.
Mesmo já longe de ser uma
novidade, Makaroff diz que o
Gotan ainda enfrenta críticas
de tangueiros da velha-guarda.
"Eles precisam entender que o
respeito que temos pelo tango
clássico é o mesmo que eles
têm. E devem se dar conta de
que a idéia de purificação cultural é um dos males mais terríveis que o mundo vive hoje."
GOTAN PROJECT
Quando: hoje, às 21h30
Onde: Via Funchal (r. Funchal, 65, Vila
Olimpia, tel. 0/xx/11-3188-4148)
Quanto: de R$ 60 a R$ 300 (ingressos
à venda na bilheteria do local; informações em www.viafunchal.com.br)
Texto Anterior: Inglês Adrian Sherwood promove "viagem" por sons jamaicanos Próximo Texto: Frase Índice
|