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Série de 20 CDs chega às lojas com os primeiros discos de artistas que faziam "música jovem" nos anos 60, alguns anteriores e outros que vieram na esteira da jovem guarda; do total da coleção, 13 discos ainda não haviam sido lançados em formato digital
JG
RONALDO EVANGELISTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Eram 16h30 do dia 22 de agosto
de 1965. Na rua da Consolação,
em São Paulo, o auditório da TV
Record estava completamente lotado de garotas beirando a histeria. No palco, e ao vivo nos televisores Brasil afora, Roberto Carlos,
Erasmo Carlos, Wanderléa e vários convidados: era a estréia do
programa semanal "Jovem Guarda", coroação definitiva de toda
uma geração produzindo e consumindo cultura jovem, música e
comportamento.
Foi há 40 anos, mas a memória
ainda é recente, e os frutos ainda
estão sendo colhidos. No recém-terminado 2005, aproveitando o
gancho dos 40 anos do programa
e do "movimento" jovem guarda,
tivemos reencontros, tributos, revisões de carreira e, é claro, relançamentos. Os três principais artistas, Roberto, Erasmo e Wanderléa, tiveram discos relançados em
boxes, e agora uma série de 20
CDs (pela EMI, a R$ 20, em média, cada um) chega às lojas, revelando paralelos, subprodutos, derivados e personagens.
Detalhe curioso é que, além dos
esperados discos do estilo, a série
traz na bagagem artistas pré e
pós-jovem guarda, revelando origens e destinos do "movimento".
Temos Tony e Celly Campello,
primeiras estrelas do rock no Brasil, quando rock ainda era sinônimo de twist ingênuo e romântico.
E temos os discos-solo da cantora
Evinha, ex-vocalista do Trio Esperança (leia ao lado). O Trio Esperança, que também tem dois discos relançados, nunca foi exatamente jovem guarda, mas se encaixa em certo conceito de "música jovem" da época.
Marcelo Fróes, autor do livro
"Jovem Guarda - Em Ritmo de
Aventura" e idealizador do site
www.jovemguarda.com.br, que
coordena a coleção, explica: "O
distanciamento permite verificar
que todos fazem parte da história
de nosso pop-rock e isso é mais
importante que o rótulo limitador
de jovem guarda, se formos considerar apenas o programa de TV
que rolou entre 1965 e 1968. Aproveito sempre para resgatar discos
da chamada "música jovem'".
Dos 20 discos relançados, 13
eram inéditos no formato digital.
Via de regra, a série relança discos
de estréia (ou os dois primeiros
discos) de artistas quase todos do
segundo escalão da jovem guarda
-mas nem por isso desprovidos
de qualidade ou diversão. De
Eduardo Araújo, por exemplo, é
um dos discos mais divertidos da
coleção, produzido e quase todo
composto por Carlos Imperial,
passando longe da seriedade, com
hits como "O Bom".
Outros discos incluem o futuramente caipira Sergio Reis, o conjunto instrumental The Jordans, o
romantismo dramático de Wanderley Cardoso, o conjunto Golden Boys e a cantora Silvinha, da
divertida "Professor Particular".
Em uma época em que lotam os
bailes descolados de grupos como
Del Rey e Lafayette e os Tremendões -formados por membros
de bandas jovens como Mombojó
e Autoramas-, é interessante rever a jovem guarda além de sua
ingenuidade e rebeldia light.
O pesquisador Fróes é da opinião de que não se deve comparar
a importância cultural da jovem
guarda com movimentos como
bossa nova e tropicália, porque
estes não foram fenômenos de
massa. Ele comenta: "Mercadologicamente, a jovem guarda foi o
maior movimento musical, porque foi a primeira vez que o público jovem teve o ímpeto de ir à loja
de discos para comprar. Até hoje
ela sobrevive ano a ano, independentemente de aniversários, como a bossa nova -embora esta
não venda tanto disco. A jovem
guarda continua ativa, independentemente dos 41 anos".
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