São Paulo, quinta-feira, 05 de janeiro de 2006

Texto Anterior | Índice

NINA HORTA

Recomenda-se mastigar bem

Pronto, aquele menino que, desde que me conheço por gente, cai no poço no fim do ano, já caiu. Não consigo fazer nada antes que ele caia e venha à tona para felicidade geral.

 

Livros. Vamos começar o ano com pequenas coisas, bem simples e feitas com muito esforço. Pois não é disto que o mundo é feito? Gosto do título daquele livro, "O Deus das Pequenas Coisas", deve ser o mais ocupado de todos os deuses. Na área de gastronomia nem só de Câmara Cascudo vivemos.
Vejam, alguns dos livros sugeridos hoje nem são livros de verdade, mas, sim, boas idéias. Um libreto, "Receitas da Vovó do Ipiranga - Resgate de Memória da Zona Sul", com 130 receitas. A impressão foi pequena, acabou quase no mesmo dia. É uma iniciativa da Subprefeitura de São Paulo. Grátis! E tem coisas boas! O telefone para pedir uma nova edição é tel. 0/ xx/11/6163-3666.
Um bom exemplo para os outros bairros de São Paulo. Atenção, no entanto. Se estão atrás de resgate de memória, tentem incluir receitas tradicionais ou simplesmente boas, nada de misturanças sem sentido. Não é qualquer receita que serve. Para começar, esqueçam daquelas de cascas de batata e talos de couve e repolho, folhas, casca de banana, em tese muito econômicas. Dá um trabalhão para fazer, gasta fogo, açúcar, óleo, tempo. Eu, pessoalmente, acho que não vale a pena, nem em tempo de guerra quando até as cascas são difíceis. Se são muito nutritivas inclua na sopa ou no suco, sem comentários...
 

A novidade é que trabalhos de final de curso agora têm banca examinadora e tudo. Fiz parte de uma, e as duas meninas da faculdade de jornalismo Casper Líbero apresentaram um livro-reportagem, "São Paulo em 8 Sabores -Os Restaurantes Familiares e a Tradição dos Imigrantes". Autoras: Daniela Fernandes Yamada e Patrícia Moll Novaes. Escolheram, visitaram, entrevistaram os donos de restaurantes nos quais a famílias têm se mantido na casa desde o começo. Suas terras, suas comidas, com fotos e apreciações. É um livrinho pronto, ou quase, à espera de ser editado. O email para contato é:
patriciamoll@uol.com.br

 

É, leitores, não adianta reclamar que muitos livros e sites e etc estão em inglês. Que coisa é esta? Estamos no Brasil. Não tem outro jeito senão aprender a ler inglês, se quiserem saber de tudo um pouco. Estou falando em LER, nem precisa falar nem escrever. É muito fácil aprender um inglês técnico, como o de culinária, por exemplo. Comecem por um dicionário, um livro de ingredientes ilustrado, outro de receitas fáceis, e, em três meses, estarão entendendo tudo.
 

Hay que fazer um esforço, não dá para não ler inglês nos tempos de hoje, e as editoras não vão se arriscar a traduzir todos os livros de comida que aparecem. Vâmola! Como dizia o Paillard quando esteve aqui comandando um grande jantar. Era a corruptela de "Vamos lá", que havia escutado de algum chef brasileiro. Vâmola! Inglês de culinária em três meses, é o desafio. E vão ver que, no meio do livro, já quase não precisam do dicionário. As palavras se repetem. A língua entra na gente pela pele.
 

Tudo isso só para falar de livros em inglês, ou em outra língua qualquer, que resenharemos ano afora. E se não deu tempo ainda de aprender, e estamos numa coluna de culinária, vale a experiência antropofágica de comer o livro devagarinho para absorver suas informações. Ha, ha, endoidei em 2006, Deus seja louvado!

@ - ninahort@uol.com.br

Texto Anterior: Bebida: Concurso premia barman do D.O.M.
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.