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Autoria de "Pelo Telefone" é contestada
DA SUCURSAL DO RIO
O samba é polêmico desde
seu nascimento. Além de
"Pelo Telefone" não ser de
fato o primeiro exemplar do
gênero (nos registros ou musicalmente), a autoria de
Donga [Ernesto dos Santos,
1890-1974] e Mauro de Almeida [1882-1956] tem sido
contestada há nove décadas.
Predomina nos livros a
versão de que a composição
surgiu na casa de tia Ciata, a
mais famosa baiana da região
da praça Onze (centro do
Rio), numa roda de que teriam participado, entre outros, Sinhô, Hilário Jovino e
Donga. Seria, portanto, uma
criação coletiva da qual Donga teria se apropriado.
A letra, assinada pelo jornalista Mauro de Almeida
(conhecido como Peru dos
Pés Frios), ganhou uma paródia que dizia: "Ó que caradura/ De dizer nas rodas/
Que esse arranjo é teu!/ É do
bom Hilário/ E da velha Ciata/ Que o Sinhô escreveu".
"Ele [Donga] dizia: "Não sei
para que isso foi acontecer.
Estou sendo condenado
mais do que comunista". Mas
nunca tive dúvida, sabe por
quê? Tive um pai muito íntegro, que viveu para para a arte brasileira. Não deixou fortuna para ninguém. Nossa
família não enriqueceu com
"Pelo Telefone'", diz Lygia
Santos, filha do compositor.
Pesquisadora respeitada,
biógrafa de Paulo da Portela,
Santos acredita que o sucesso avassalador de "Pelo Telefone" tenha sido o motivo de
tanto barulho. "É aquela insatisfação de não ter conseguido realizar uma empreitada dessas", diz Santos.
"Já se fazia e se cantava
samba, mas você só pode dizer que o samba começou a
ser entendido a partir dessa
data [Carnaval de 1917]", diz.
A nonagenária polêmica
tangencia temas atuais como
fusões sonoras ("Pelo Telefone" é colagem de gêneros)
e autoria de obra de arte. O
samba permanece jovem.
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