São Paulo, terça-feira, 05 de fevereiro de 2008

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Paris exibe inéditos de Francis Picabia

Filha de André Breton descobriu 26 ilustrações do artista em envelope guardado pelo pai desde os anos 1920

LENEIDE DUARTE-PLON
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS

Aube Elléouët, a filha de André Breton com a artista plástica Jacqueline Lamba, descobriu um tesouro: num envelope guardado desde os anos 20, seu pai possuía 26 desenhos de Francis Picabia. Durante alguns anos, os dois artistas foram muito próximos e, com Tristan Tzara, fundaram o movimento dadaísta, que agitou Paris em 1920 e 1921.
Os extraordinários desenhos de Picabia em preto-e-branco, feitos a lápis e a tinta, em papel ou papelão, estão expostos em Paris, na galeria 1900-2000, em Saint-Germain-des-Prés, até 16/2. Objetivo da mostra, a aquisição por um museu francês do lote está quase certa.
"Madame Elléouët não quer que a coleção seja dispersa nem que saia da França", informa o dono da galeria, Marcel Fleiss, que já morou em São Paulo e expôs vários artistas brasileiros em sua galeria de Paris.
Ele diz que vários museus franceses se mostraram interessados na aquisição dos desenhos, que vale 80 mil cada um. O total da venda - 2 milhões brutos, dos quais será descontado o custo da exposição - será doado a uma instituição de pesquisa do câncer.
Dos desenhos, todos feitos para a revista "Littérature", de Breton, apenas nove tinham sido publicados. Todos os outros são inéditos e nenhum deles tinha sido exposto. No catálogo da exposição, o crítico americano William Camfield, um especialista da obra de Picabia, analisa os desenhos, que ele considera "imagens audaciosas, simples e provocadoras, sem equivalente entre os jornais de arte e de literatura da época e que constituem até hoje um desafio quanto à sua interpretação".
Segundo Fleiss, o Museu de Arte Moderna de Paris deverá comprar os desenhos, garantindo a permanência do acervo na cidade. Se não fosse a determinação da filha de Breton, museus e colecionadores americanos já teriam adquirido o lote raro do artista cuja aquarela "Caoutchouc", de 1909, é considerada uma das fundadoras da arte abstrata.
Poeta e artista plástico, Picabia criou em Barcelona, em 1916, a revista dadaísta "391"; foi apaixonado pelo cinema e colecionador de automóveis. A colaboração com Breton durou poucos anos. Na ocasião do manifesto surrealista, redigido por Breton em 1924, os dois artistas já haviam se distanciado.

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