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Paris exibe inéditos de Francis Picabia
Filha de André Breton descobriu 26 ilustrações do artista em envelope guardado pelo pai desde os anos 1920
LENEIDE DUARTE-PLON
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS
Aube Elléouët, a filha de André Breton com a artista plástica Jacqueline Lamba, descobriu um tesouro: num envelope
guardado desde os anos 20, seu
pai possuía 26 desenhos de
Francis Picabia. Durante alguns anos, os dois artistas foram muito próximos e, com
Tristan Tzara, fundaram o movimento dadaísta, que agitou
Paris em 1920 e 1921.
Os extraordinários desenhos
de Picabia em preto-e-branco,
feitos a lápis e a tinta, em papel
ou papelão, estão expostos em
Paris, na galeria 1900-2000, em
Saint-Germain-des-Prés, até
16/2. Objetivo da mostra, a
aquisição por um museu francês do lote está quase certa.
"Madame Elléouët não quer
que a coleção seja dispersa nem
que saia da França", informa o
dono da galeria, Marcel Fleiss,
que já morou em São Paulo e
expôs vários artistas brasileiros
em sua galeria de Paris.
Ele diz que vários museus
franceses se mostraram interessados na aquisição dos desenhos, que vale 80 mil cada
um. O total da venda - 2 milhões brutos, dos quais será
descontado o custo da exposição - será doado a uma instituição de pesquisa do câncer.
Dos desenhos, todos feitos
para a revista "Littérature", de
Breton, apenas nove tinham sido publicados. Todos os outros
são inéditos e nenhum deles tinha sido exposto. No catálogo
da exposição, o crítico americano William Camfield, um especialista da obra de Picabia, analisa os desenhos, que ele considera "imagens audaciosas, simples e provocadoras, sem equivalente entre os jornais de arte
e de literatura da época e que
constituem até hoje um desafio
quanto à sua interpretação".
Segundo Fleiss, o Museu de
Arte Moderna de Paris deverá
comprar os desenhos, garantindo a permanência do acervo
na cidade. Se não fosse a determinação da filha de Breton,
museus e colecionadores americanos já teriam adquirido o
lote raro do artista cuja aquarela "Caoutchouc", de 1909, é
considerada uma das fundadoras da arte abstrata.
Poeta e artista plástico, Picabia criou em Barcelona, em
1916, a revista dadaísta "391";
foi apaixonado pelo cinema e
colecionador de automóveis. A
colaboração com Breton durou
poucos anos. Na ocasião do
manifesto surrealista, redigido
por Breton em 1924, os dois artistas já haviam se distanciado.
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