Com influências de Air e Portishead, cantora lança álbum com show amanhã na choperia do Sesc

Depois de incursões pelo hip hop, a cantora carioca radicada em São Paulo liberou disco de estreia na internet em 2009

LUIZA FECAROTTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Valentina, a Tintin, tem apenas cinco anos, mas já sabe o que vai ser quando crescer: professora de balé pela manhã, atriz pela tarde e, à noite, vai subir ao palco para cantar.
Sua mãe, a cantora e compositora Claudia Dorei, 31, que lança o primeiro CD, "Respire", amanhã, no Sesc Pompeia, tinha ímpetos semelhantes na infância, quando começou a escrever poesias. "Juntava os meus bichos de pelúcia no sofá e fazia shows para eles."
Carioca apaixonada por São Paulo, onde mora há nove anos, já se arriscou na bateria, no piano, no violão, nos instrumentos de sopro -estes, ainda toca nos shows, além de um sintetizador, "uma caixinha eletrônica que emite sons".
No palco, também mostra sua inclinação pelo trip hop, que traz poucos elementos, batidas mais lentas e voz sussurrada. Declara influência do Portishead, Air e CocoRosie.
"Trip é viagem e hop vem da linguagem do hip hop." E foi no hip hop que começou sua carreira, em showzinhos underground. "Eu era do "hippie hop"." Sua primeira vez no palco, aos 18, foi em uma "jam session" com a presença de BNegão e Falcão, do Rappa, no Rio.
Virou "a mina do hip hop". Trabalhou ainda ao lado da atriz Denise Stoklos, depois de passar em uma seleção com 4.000 inscritos, fez trilhas para peças de Gerald Thomas e hoje também é técnica de som da trupe infantil Banda Mirim.
"DJ é hobby. Na verdade, sou "music selector"."
Seu disco "Respire" foi liberado na internet em 2009 e surgiu depois de muita experiência no palco. "Fiz um monte de shows para que o disco surgisse naturalmente. Foi um processo inverso." Três dias antes do lançamento, na choperia do Sesc, fez uma canção inédita com o parceiro Renato Gama, do Nhocuné Soul.
Da vida pessoal, fala pouco. Mas tem coisa que não dá para esconder. Recebeu a Folha no lugar predileto de sua casa: a cozinha. E é lá que recebe os amigos da "comunidade de músicos" com o "panelão de barro". Jorge, um cachorro galgo, e Zig, um gatinho manhoso, sempre estão rondando. Mas Claudia precisa de um tempo: a agenda anda (mais) corrida. Em poucos dias, ela começa a filmar seu primeiro clipe.