São Paulo, sábado, 05 de fevereiro de 2011

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Expectativa ronda Imprensa Oficial

Saída do professor Hubert Alquéres da presidência da empresa estatal provoca pesar entre editores e autores

Novo responsável pela gráfica e pela editora, Marcos Monteiro, foi tesoureiro da campanha de Geraldo Alckmin

ANA PAULA SOUSA
DE SÃO PAULO
JOSÉLIA AGUIAR
COLUNISTA DA FOLHA

A troca de comando da Imprensa Oficial pelo governador Geraldo Alckmin, no início do ano, provocou pesar entre autores e editores. Menos por quem entra, o tesoureiro da campanha do PSDB, Marcos Monteiro -que, apesar de desconhecido do meio editorial, pode surpreender-, e mais pela saída de Hubert Alquéres.
O professor e engenheiro Alquéres, que ficou oito anos no cargo, poderia ter sido apenas mais um burocrata a passar pela empresa criada em 1891. Mas, sob seu comando, a gráfica que publica o "Diário Oficial" virou uma editora bastante produtiva.
A nova feição da casa não só chamou a atenção do mercado editorial como fez com que, às vésperas das mudanças de quadros no novo governo, algumas figuras da cultura passassem a se manifestar a favor de Alquéres.
O escritor Ruy Castro enviou até uma carta a Alckmin: "Uma imprensa "oficial" publicando material de grande interesse para a cultura? É quase uma contradição em termos. Mas não a Imprensa Oficial de São Paulo. Desde que Alquéres a assumiu, não deixo de me surpreender e me encantar com a qualidade de seu catálogo".

ALTOS E BAIXOS
Como toda editora com muitos títulos, a Imprensa Oficial tem qualidade irregular. "Falta de critério" e "excesso" foram algumas das críticas ouvidas pela Folha.
O conjunto da obra é considerado, porém, mais que positivo. Alquéres modernizou o parque gráfico e criou coleções como a "Aplauso", com cerca de 200 biografias.
Publicou também livros que editoras comerciais costumam evitar, dado o custo alto e o retorno incerto, como "Passagens", de Walter Benjamin (com a UFMG), e "Pixinguinha na Pauta", com arranjos do compositor (com o Instituto Moreira Salles). Editou roteiros de cinema, peças e livros de fotografia.
"Ela passou a ocupar um espaço que nunca foi ocupado pelo Estado, que é o de registrar tudo, e não só o que é conhecido e vendável", diz o dramaturgo Aimar Labaki, que teve suas peças publicadas pela editora.
"A história fará justiça ao excelente trabalho de Hubert", diz o diretor do Museu AfroBrasil, Emanoel Araujo, que fez projetos em conjunto com a Imprensa Oficial.
Carlo Carrenho, fundador do "Publishnews", informativo diário do mercado editorial, destaca, ainda, o apoio a iniciativas do mercado editorial, como o congresso do livro digital. "Este sempre foi um apoio importante", diz.
Procurado, Alquéres não ligou de volta para a Folha. Já seu sucessor, Marcos Monteiro, pediu alguns dias para conceder entrevista, já que acabou de chegar e precisa tomar pé da casa.
Por meio de nota emitida pela assessoria de imprensa, afirmou, no entanto, que dará continuidade ao trabalho. "Também é intenção da Imprensa Oficial manter-se ativa no segmento editorial", reforçou, no pequeno texto.


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