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GASTRONOMIA
Restaurante tenta driblar "crise do vinho"
CRISTIANA COUTO
especial para a Folha
A crise do real levou seu gosto
amargo à boca dos apreciadores de
vinho. As adegas dos restaurantes
de São Paulo já abrigam os reflexos
da desvalorização da moeda com
aumentos de preços entre 17% e
35%. Em algumas, faltam garrafas.
Muitos proprietários tentam
manter os preços e trabalhar com
estoque. Como resultado, faltam
vinhos e, principalmente, champanhes, que ficaram retidos pelos importadores devido à instabilidade
do mercado.
Dos 12 restaurantes de São Paulo
com boas cartas de vinho ouvidos
pela Folha, metade não alterou
preços, cinco repassaram os custos
e um deles altera valores a partir da
próxima quarta-feira.
Para o consumidor, ainda é possível driblar a "crise do vinho".
Uma das soluções é optar por argentinos, chilenos e nacionais, geralmente mais baratos.
Segundo José Luiz Borges, vice-presidente da ABS (Associação
Brasileira de Sommeliers), os nacionais das vinícolas Miolo, Aurora, Vinhos Salton, Casa Valduga e
Chandon são bons vinhos brasileiros. "Um Merlot Miolo, por exemplo é um vinho muito melhor do
que um Corvo di Salaparuta (italiano)", ressalta Borges.
Um Chandon Reserva no restaurante Paddock, que não alterou os
preços de sua carta, pode ser encontrado a R$ 14.
Outra dica é fugir de vinhos badalados. "É bom consultar o sommelier sobre as bebidas menos famosas da França e da Itália e que
são novidade no Brasil. Os novos
são a grande jogada", diz Manoel
Beato, sommelier do Fasano.
Com valores 27% mais altos desde a semana passada, Maurice Bibas, do La Bourgogne, manteve os
valores dos 11 vinhos de sua promoção de verão. Entre as ofertas
com boa relação de custo e qualidade, está o chileno Cabernet Sauvignon Los Vascos, a R$ 22.
Independentemente da flutuação do dólar, porém, a rota do vinho mais em conta muitas vezes é
ditada caso a caso, e segue o caminho de quem está disposto a vender com lucro menor.
O Baby Beef Rubayat é um exemplo de "resistência" à crise da bebida e pode ser uma solução para
quem não quer trocar vinho por
chope. Sua política de R$ 8 de lucro
sobre qualquer garrafa da carta,
com cerca de 100 marcas, é praticamente única na cidade, mesmo
com valores 17% mais altos. Há pelo menos uma oferta de vinho espanhol, argentino, chileno e português por R$ 17. O vinho australiano Bin 389 Cabernet Shiraz 95, por
exemplo, custa no Rubayat R$ 41,
contra R$ 88 no Cantaloup (que
não alterou preços).
O Rubayat também fica distante
de políticas menos favoráveis, como a do Fasano. De acordo com
Beato, vinhos com valores inferiores a R$ 15 chegam a custar 200% a
mais no restaurante.
Escolher marcas alternativas para "reconstruir" a carta foi a solução encontrada pelo Galeto's em
tempos bicudos. As novas ofertas,
que entram em cena neste fim-de-semana, incluem vinhos em taça
australianos e brasileiros a partir
de R$ 3,90.
Colaborou
Paulo Ferreti, colunista da Folha
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