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A melhor opção é usar a adega de casa
JORGE CARRARA
Colunista da Folha
Em meio à turbulência econômica que fez o dólar disparar e conseguiu o fato inédito de, num intervalo de pouquíssimos dias, guindar para o cargo e botar na rua
uma figura importante como o
presidente do Banco Central, nem
todas as notícias são más para o
mundo do vinho.
O pior aspecto para os súditos de
Baco está na repentina dor no bolso. Infelizmente, por causa da queda do real, os vinhos subiram (bastante) de preço. A parte positiva é
que, provavelmente, dada a visão
da situação atual e o posicionamento de alguns importadores, as
garrafas não ficaram tão caras como se imaginava.
Na opinião do empresário Ciro
Lilla, proprietário da Mistral Importadora, após a liberação do
câmbio "se esperava que o dólar ficasse em torno de R$ 1,50, fazendo
apenas com que o público optasse
por vinhos mais baratos". Mas, segundo Lilla, se a moeda americana
se mantiver próxima dos R$ 2, o
consumo deve cair drasticamente.
Para evitar isso de maneira inteligente (já que o mar globalizado,
definitivamente, não está para peixe), a Mistral e outras importadoras, como a Maison du Vin e a Expand, decidiram utilizar uma taxa
própria de R$ 1,49 por dólar, evitando repassar por completo aos
seus clientes a pancada cambial.
"É preciso manter o mercado ativo apesar das dificuldades, evitando que o consumidor desista do
produto", explica Elidio Lopes, diretor comercial da Expand. Lopes
prevê que o mercado deve se tranquilizar dentro de 90 dias e, para
manter as vendas ativas no período, planeja ainda uma promoção
em que uma partida de vinhos da
importadora será vendida com o
preço do dólar de dezembro.
As alterações no câmbio devem
talvez mudar este ano o perfil dos
importadores. Para Amauri de Faria, proprietário da Cellar, 99 não
deve ser um ano de muitas novidade-dado o clima de incerteza, a
introdução de novos produtos não
deve ficar em primeiro plano.
De acordo com Jaques Trefois,
da Vinum, a tendência deve ser aumentar a oferta de vinhos com boa
relação entre preço e qualidade, na
tentativa de atender um mercado
que procura cada vez mais um melhor retorno para o dinheiro.
Para quem está do outro lado do
balcão, apenas um conselho: muita
calma. Mais do que nunca, antes
de comprar é preciso pesquisar
bastante. Procure em lojas e supermercados (o Pão de Açúcar, por
exemplo, deixou inalterados os
seus preços) garrafas que não foram remarcadas (veja quadro nesta página). Evite, até a situação se
estabilizar, as importadoras que
usam a taxa de dólar do mercado.
Se você tiver adega, está no melhor dos mundos. Este é o momento para guardar seus reais e aproveitar calmamente o estoque de
garrafas, bebendo bons goles enquanto aguarda a poeira abaixar.
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