São Paulo, Sexta-feira, 05 de Fevereiro de 1999
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MUNDO DE BACO
Argentinos vêm desbancar chilenos

Colunista da Folha

Quem tem clima e solo com condições mais favoráveis para elaborar os melhores vinhos sul-americanos, Chile ou Argentina? Para alguns, como a "master of wine" inglesa Serena Sutcliff, que dirige em Londres o departamento de vinhos da casa de leilões Sotheby's e é considerada uma autoridade mundial em matéria da bebida, os vinhedos platinos levam vantagem.
"O Chile tem mostrado capacidade para elaborar bons vinhos de nível médio, mas acredito que, do lado argentino, há excelente potencial para elaborar grandes vinhos", afirmou a expert britânica à Folha durante a sua última passagem por São Paulo.
Basta experimentar a última leva dos vinhos da Catena, vinícola argentina que desde o início da década vem produzindo tintos e brancos surpreendentes, para suspeitar que a senhora Sutcliff pode estar coberta de razão. A casa conta com vinhedos em áreas privilegiadas de Mendoza, equipamentos modernos e o suporte de profissionais experientes, como o enólogo americano Paul Hobbs.
A ala dos brancos será composta por dois Chardonnay, o Agrelo Vineyards 97 e o Alta, topo da linha da vinícola, safra 96. Ambos lembram os brancos californianos da variedade. O Agrelo, de bom corpo, tem aroma e sabor bem marcados pelo carvalho (certo defumado, leve café, pipoca), mesclados com fruta cítrica e maçã.
A madeira também domina o paladar do Alta, viscoso, com traços de fruta (maçã em calda) e especiaria (cravo) e que tem uma concentração e persistência capaz de levar à lona muitos "crus" da Borgonha que ostentam o triplo do seu preço.
Na seção dos tintos há três exemplares: um Alta Cabernet Sauvignon 95, e dois Malbec, o Lulunta Vineyards e o Alta, ambos safra 96.
O Alta Cabernet é um vinho novo, de aroma fechado, mas agradável, com leves toques herbáceos e de groselha. Denso, tem bom sabor de frutas vermelhas e torrefação, mas está ainda tânico, precisando ficar em adega para arredondar. Mais aveludado, o Malbec Lulunta Vineyards, tem paladar sustentado por taninos finos e sabor dominado pela fruta, bem temperado com baunilha e chocolate. Já o Alta Malbec é a estrela do quinteto. De cor escura, tem aroma que demora para abrir, mas que acaba enchendo o copo com perfume de frutas vermelhas e um delicioso torrado. Na boca, os mesmos elementos num paladar complexo, de bela textura, alia a potência dos vinhos californianos com a elegância dos bons tintos franceses. (JC)


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