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MUNDO DE BACO
Argentinos vêm desbancar chilenos
Colunista da Folha
Quem tem clima e solo com condições mais favoráveis para elaborar os melhores vinhos sul-americanos, Chile ou Argentina? Para alguns, como a "master of wine" inglesa Serena Sutcliff, que dirige em
Londres o departamento de vinhos
da casa de leilões Sotheby's e é considerada uma autoridade mundial
em matéria da bebida, os vinhedos
platinos levam vantagem.
"O Chile tem mostrado capacidade para elaborar bons vinhos de
nível médio, mas acredito que, do
lado argentino, há excelente potencial para elaborar grandes vinhos", afirmou a expert britânica à
Folha durante a sua última passagem por São Paulo.
Basta experimentar a última leva
dos vinhos da Catena, vinícola argentina que desde o início da década vem produzindo tintos e brancos surpreendentes, para suspeitar
que a senhora Sutcliff pode estar
coberta de razão. A casa conta com
vinhedos em áreas privilegiadas de
Mendoza, equipamentos modernos e o suporte de profissionais experientes, como o enólogo americano Paul Hobbs.
A ala dos brancos será composta
por dois Chardonnay, o Agrelo Vineyards 97 e o Alta, topo da linha
da vinícola, safra 96. Ambos lembram os brancos californianos da
variedade. O Agrelo, de bom corpo, tem aroma e sabor bem marcados pelo carvalho (certo defumado, leve café, pipoca), mesclados
com fruta cítrica e maçã.
A madeira também domina o paladar do Alta, viscoso, com traços
de fruta (maçã em calda) e especiaria (cravo) e que tem uma concentração e persistência capaz de levar
à lona muitos "crus" da Borgonha
que ostentam o triplo do seu preço.
Na seção dos tintos há três exemplares: um Alta Cabernet Sauvignon 95, e dois Malbec, o Lulunta
Vineyards e o Alta, ambos safra 96.
O Alta Cabernet é um vinho novo, de aroma fechado, mas agradável, com leves toques herbáceos e
de groselha. Denso, tem bom sabor
de frutas vermelhas e torrefação,
mas está ainda tânico, precisando
ficar em adega para arredondar.
Mais aveludado, o Malbec Lulunta
Vineyards, tem paladar sustentado
por taninos finos e sabor dominado pela fruta, bem temperado com
baunilha e chocolate. Já o Alta Malbec é a estrela do quinteto. De cor
escura, tem aroma que demora para abrir, mas que acaba enchendo
o copo com perfume de frutas vermelhas e um delicioso torrado. Na
boca, os mesmos elementos num
paladar complexo, de bela textura,
alia a potência dos vinhos californianos com a elegância dos bons
tintos franceses.
(JC)
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