São Paulo, Sexta-feira, 05 de Fevereiro de 1999
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RESTAURANTE - CRÍTICA
Tan Tan faz bom fusion com pé no Brasil

JOSIMAR MELO
especial para a Folha

Um novo lugar da moda para este resto de verão -mas com fôlego para durar mais do que somente uma estação- é o restaurante Le Tan Tan, aberto no final de dezembro de 98.
Num bairro, o de Pinheiros, que pode abrigar bem mais restaurantes animados do que tem atualmente, o novo ponto nasceu com boa retaguarda. Entre os sócios estão pessoas do ramo, embora historicamente mais ligadas a bares e casas noturnas -caso de Alexandre Negrão, que já foi sócio de casas como Aeroanta e Lanterna e hoje é também um dos donos do Mestiço, e de Alfredo Pimenta, que na verdade se dedica à arquitetura (é autor do projeto do Le Tan Tan), mas que passou também como sócio pelas mesmas casas de Negrão.
O grupo de proprietários se completa com Paula Lemos e Jayme Ribeiro Jr. No conjunto, formam um time de pessoas cujas relações e trânsito pela cidade poderiam por si só alavancar um certo movimento, durante um certo tempo, para um bar que fosse bem montadinho e funcionasse com eficiência.
Essas qualidades, aliás, o Le Tan Tan possui. E suas instalações -num galpão de alto pé-direito e cores intensas, erguido num piso superior ao da rua, precedido por mesinhas diante de um curioso chafariz praticamente na calçada- convidam a uma visita. E que ela se estenda por bate-papos e cafés.
O mais interessante, porém, é que o cardápio anuncia pratos de interessante inspiração, com formulações contemporâneas baseadas na cozinha européia, mas cheias de citações brasileiras. Como uma cozinha fusion, porém limitada, em termos de produtos, a ingredientes brasileiros, não aos apelos do Oriente. Tudo preparado pelas mãos do chef mineiro Adilson Soares, de 31 anos, que já passou por cozinhas como as do L'Arnaque, Le Bistingo e 72.
São boas idéias entradas como o leve caldo de gengibre e erva-cidreira com camarões, ou o tartar de salmão com galette de mandioca; pratos como o risoto de abóbora e quiabo; ou o supremo de frango recheado de abóbora e carne-de-sol com molho de requeijão de Minas.
No geral reina a ponderação, nada muito histericamente misturado, embora com sucesso nem sempre assegurado. O recheio do frango, por exemplo, ajuda a dar sabor ao prato, mas o requeijão mais enjoa do que alegra o conjunto. O jarret (canela) de vitela com agrião e risoto de grãos tem bom sabor no conjunto, mas essa carne requer cuidado redobrado para não ficar tomada em demasia pelos tecidos gordurosos que lhe são peculiares.
Acho que muita gente vai visitar o Le Tan Tan para tomar uma cerveja e bater papo. Mas recomendo que dê também uma esticadinha até o cardápio.

Restaurante: Le Tan Tan Cotação: bom / $$$
Onde: r. Álvaro Annes, 43 (Pinheiros, zona oeste), tel. 011/814-8662
Quando: segunda a sexta, 12h/15h30 e 19h30/1h30; sábado, 12h/2h; domingo, 12h/2h
Cozinha: variada, moderna, com bom uso de ingredientes brasileiros
Ambiente: galpão de alto pé-direito e clima jovial
Estacionamento em frente (pago)
Quanto: couvert, R$ 2; entradas, R$ 7 a R$ 19; massas e risotos, R$ 10 a R$ 18; pescados, R$ 16; carnes e aves, R$ 13 a R$ 24; sobremesas, R$ 4 a R$ 6



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