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RESTAURANTE - CRÍTICA
Tan Tan faz bom fusion com pé no Brasil
JOSIMAR MELO
especial para a Folha
Um novo lugar da moda para este resto de verão -mas com fôlego
para durar mais do que somente
uma estação- é o restaurante Le
Tan Tan, aberto no final de dezembro de 98.
Num bairro, o de Pinheiros, que
pode abrigar bem mais restaurantes animados do que tem atualmente, o novo ponto nasceu com
boa retaguarda. Entre os sócios estão pessoas do ramo, embora historicamente mais ligadas a bares e
casas noturnas -caso de Alexandre Negrão, que já foi sócio de casas como Aeroanta e Lanterna e
hoje é também um dos donos do
Mestiço, e de Alfredo Pimenta, que
na verdade se dedica à arquitetura
(é autor do projeto do Le Tan Tan),
mas que passou também como sócio pelas mesmas casas de Negrão.
O grupo de proprietários se completa com Paula Lemos e Jayme Ribeiro Jr. No conjunto, formam um
time de pessoas cujas relações e
trânsito pela cidade poderiam por
si só alavancar um certo movimento, durante um certo tempo, para
um bar que fosse bem montadinho
e funcionasse com eficiência.
Essas qualidades, aliás, o Le Tan
Tan possui. E suas instalações
-num galpão de alto pé-direito e
cores intensas, erguido num piso
superior ao da rua, precedido por
mesinhas diante de um curioso
chafariz praticamente na calçada- convidam a uma visita. E que
ela se estenda por bate-papos e cafés.
O mais interessante, porém, é
que o cardápio anuncia pratos de
interessante inspiração, com formulações contemporâneas baseadas na cozinha européia, mas
cheias de citações brasileiras. Como uma cozinha fusion, porém limitada, em termos de produtos, a
ingredientes brasileiros, não aos
apelos do Oriente. Tudo preparado pelas mãos do chef mineiro
Adilson Soares, de 31 anos, que já
passou por cozinhas como as do
L'Arnaque, Le Bistingo e 72.
São boas idéias entradas como o
leve caldo de gengibre e erva-cidreira com camarões, ou o tartar
de salmão com galette de mandioca; pratos como o risoto de abóbora e quiabo; ou o supremo de frango recheado de abóbora e carne-de-sol com molho de requeijão de
Minas.
No geral reina a ponderação, nada muito histericamente misturado, embora com sucesso nem sempre assegurado. O recheio do frango, por exemplo, ajuda a dar sabor
ao prato, mas o requeijão mais enjoa do que alegra o conjunto. O jarret (canela) de vitela com agrião e
risoto de grãos tem bom sabor no
conjunto, mas essa carne requer
cuidado redobrado para não ficar
tomada em demasia pelos tecidos
gordurosos que lhe são peculiares.
Acho que muita gente vai visitar
o Le Tan Tan para tomar uma cerveja e bater papo. Mas recomendo
que dê também uma esticadinha
até o cardápio.
Restaurante: Le Tan Tan
Cotação: bom / $$$
Onde: r. Álvaro Annes, 43 (Pinheiros, zona
oeste), tel. 011/814-8662
Quando: segunda a sexta, 12h/15h30 e
19h30/1h30; sábado, 12h/2h; domingo,
12h/2h
Cozinha: variada, moderna, com bom uso
de ingredientes brasileiros
Ambiente: galpão de alto pé-direito e clima
jovial
Estacionamento em frente (pago)
Quanto: couvert, R$ 2; entradas, R$ 7 a R$
19; massas e risotos, R$ 10 a R$ 18; pescados,
R$ 16; carnes e aves, R$ 13 a R$ 24;
sobremesas, R$ 4 a R$ 6
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