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MÚSICA
Artistas se apresentam no Itaú Cultural até o dia 13
Projeto congrega em São Paulo a diversidade de ritmos do país
JANAINA FIDALGO
DA REDAÇÃO
Ser um país musical não livra o
Brasil da pecha de desconhecer o
que é produzido em seu território.
Ser figura conhecida no Piauí não
garante reconhecimento no Rio. O
mesmo vale para os músicos paulistas conhecidos em seu Estado
que passam batido no Acre.
Ou passavam. Ao mapear a produção musical brasileira, o Rumos
Música, do Itaú Cultural, traz à luz
50 artistas que representam um
pouco do que tem sido feito no
país afora. Sem impor restrições
quanto à idade ou estilo musical, o
programa mapeia desde a produção regional até a urbana -dá espaço ao coco, ao samba, à eletrônica e ao instrumental.
"Não interessa se o disco já saiu.
O que consideramos é a necessidade de fazer com que o que já
existe possa circular e ser conhecido no Brasil", diz o coordenador
do Rumos Música, Edson Natale.
Dos 1.410 inscritos com duas
músicas no programa, os 50 escolhidos passaram por um processo
iniciado em maio de 2004, com
três fases: mapeamento, formação
e difusão. Esta última fase começa
hoje com a apresentação da primeira bateria -16 artistas tocam
até o dia 13 no Itaú Cultural.
"Se é feita com Fusca ou pelos indígenas, é uma questão irrelevante. O que importa é que é a música
feita no Brasil hoje", diz Natale.
Quando fala do som do fusca, o
coordenador se refere ao percussionista carioca Ricardo Siri, que
tira sonoridades, digamos, inusuais, de objetos urbanos como o
motor de um carro. O regional está
representado por nomes como o
da compositora piauiense Maria
da Inglaterra, 66, que desembarca
amanhã pela primeira vez em São
Paulo, onde mostra nove das 1.252
canções que já compôs.
"Faz tempo que eu luto pela música, mas aqui na minha terra artista para se levantar é difícil."
Analfabeta, é com o auxílio de
um gravador que a piauiense compõe as músicas arranhadas no violão. "Na marra", gravou o CD
"Canta Maria" (2002).
Maria da Inglaterra sobe amanhã, às 19h30, ao mesmo palco do
Barbatuques, grupo paulistano
que "canta" com o corpo, já bem
conhecido por estas bandas.
O eletrônico marca presença pelas mãos do paulistano Loop B, 50.
Na quarta, às 19h30, ele mostra algumas canções do disco "A Música Toca" (2003). Convidado para
fazer um "pocket show" em Brasília, Loop B comemora os louros do
Rumos.
"Uma coisa legal é a repercussão
que isso está dando. Dá um aval ao
nosso trabalho", diz, citando a divulgação no site da instituição do
currículo de todos os artistas -em
quatro línguas.
Outro meio de divulgação é o
lançamento, previsto para maio,
de uma caixa de CDs com distribuição gratuita em centros culturais, emissoras de rádio e TV educativas e rádios dedicadas à música
brasileira no exterior. Uma parceria com as gravadoras permitirá a
comercialização dos CDs.
"Queremos que o Rumos seja
um espaço de reflexão sobre as
condições necessárias para a cultura acontecer", diz Eduardo Saron,
superintendente de atividades do
Itaú Cultural.
Artes visuais
A partir de segunda, o Rumos recebe as inscrições de profissionais
de arte contemporânea (até 1º/6),
com carreira iniciada a partir dos
anos 90 e que tenham projetos inéditos, e de educação não-formal
(até 22/6), que trabalhem com cultura e arte. Os formulários estarão
disponíveis no site (www.itaucultural.org.br).
A intenção, diz Saron, é entender o que o país está fazendo e dar
luz às experiências positivas.
"Hoje, há centros culturais e de
arte fervilhando de iniciativas locais", diz a coordenadora curatorial desta edição, Aracy Amaral.
"Daí por que sou otimista em relação ao futuro cultural do Brasil.
É salutar estimular as iniciativas
regionais, pois elas assinalam a inquietação, o desejo de se reconhecer através de seus artistas."
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