São Paulo, sábado, 05 de março de 2005

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SP vê riqueza de Vik Munik e se abre para italiano inédito e gravurista

GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O caldeirão das artes plásticas esquenta com a abertura de três individuais de artistas veteranos. A lenha na fogueira fica a cargo de Vik Muniz, que mostra no CCBB seus desenhos em materiais pouco ortodoxos; do italiano Salvatore Emblema, que nunca teve mostra no Brasil e traz cerca de 60 obras para o MAC do Ibirapuera; e de Carlos Martins, gravurista que quebra um regime de quase 20 anos, na Estação Pinacoteca.
Brasileiro com forte projeção no cenário de Nova York, Muniz, em "Divas e Monstros", usa a imagem de dois símbolos máximos do luxo e da riqueza como matéria-prima para seu pontilhismo requintado. O artista, que já usou, em vez de tinta, grãos de açúcar, soldadinhos de plástico e calda de chocolate, aqui mostra divas desenhadas em superfícies cobertas de diamantes, além de monstros, que surgem de quilos de caviar espalhados sobre gelo.
Dos diamantes, surgem os rostos das atrizes Grace Kelly, Romy Schneider, Liz Taylor, Mônica Vitti, Sophia Loren, Catherine Deneuve, Brigitte Bardot e da cantora lírica Maria Callas. Do caviar, saltam Frankenstein, Drácula, Múmia e Fantasma da Ópera. "São imagens muito conhecidas, engavetadas na memória do público", diz a curadora da mostra, Nessia Leonzini, lembrando uma qualidade da arte pop: a apropriação de imagens preexistentes.
No Ibirapuera, a arte pictórica ganha outra faceta pela obra de Salvatore Emblema, expressionista abstrato italiano do pós-guerra que chega pela primeira vez ao Brasil. Ele trabalha com materiais tradicionais, colocando em evidência a interferência do material no resultado final. O tramado, de fios mais espessos, é desfiado e, em alguns casos, costurado, para então receber as pinceladas.
"São detalhes que lembram a arte de Lucio Fontana, que rompe a tela, enquanto Emblema faz outros tipos de interferência, como costurá-la", diz o curador Fábio Magalhães. As experimentações muitas vezes resultam em tramados quase transparentes, que permitem ver a parede por trás da peça. A conjunção de duas cores também lembra a obra de Rothko, com quem ele manteve contato em Nova York nos anos 50.
O roteiro de aberturas se encerra com Carlos Martins, gravurista que desde 86 não expunha em SP e que ganha retrospectiva no Gabinete de Gravuras da Estação Pinacoteca. São trabalhos realizados em água-forte, água-tinta e monotipia na composição de paisagens e de figuras arquitetônicas.
Uma série inspirada na ópera "O Guarani" revela um processo cuidadoso de imagens que surgem de mais de uma matriz e recebem interferências.


Vik Muniz: Divas e Monstros
Onde:
CCBB (r. Álvares Penteado, 112, Sé, tel. 0/xx/11/3113-3651)
Quando: de ter. a dom., das 10h às 21h; até 24/4
Quanto: entrada franca

Carlos Martins
Onde:
Estação Pinacoteca (lgo. General Osório, 66, Luz, tel. 0/xx/11/3337-0185)
Quando: de ter. a dom., das 10h às 18h; até 6/5
Quanto: R$ 4

Salvatore Emblema
Onde:
pq. Ibirapuera, tel. 0/xx/11/5573-9932
Quando: de ter. a dom., das 10h às 19h; abertura amanhã; até 3/4
Quanto: entrada franca


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