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SP vê riqueza de Vik Munik e se abre para italiano inédito e gravurista
GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O caldeirão das artes plásticas esquenta com a abertura de três
individuais de artistas veteranos.
A lenha na fogueira fica a cargo de
Vik Muniz, que mostra no CCBB
seus desenhos em materiais pouco ortodoxos; do italiano Salvatore Emblema, que nunca teve mostra no Brasil e traz cerca de 60
obras para o MAC do Ibirapuera;
e de Carlos Martins, gravurista
que quebra um regime de quase
20 anos, na Estação Pinacoteca.
Brasileiro com forte projeção no
cenário de Nova York, Muniz, em
"Divas e Monstros", usa a imagem de dois símbolos máximos
do luxo e da riqueza como matéria-prima para seu pontilhismo
requintado. O artista, que já usou,
em vez de tinta, grãos de açúcar,
soldadinhos de plástico e calda de
chocolate, aqui mostra divas desenhadas em superfícies cobertas
de diamantes, além de monstros,
que surgem de quilos de caviar espalhados sobre gelo.
Dos diamantes, surgem os rostos das atrizes Grace Kelly, Romy
Schneider, Liz Taylor, Mônica
Vitti, Sophia Loren, Catherine
Deneuve, Brigitte Bardot e da cantora lírica Maria Callas. Do caviar,
saltam Frankenstein, Drácula,
Múmia e Fantasma da Ópera.
"São imagens muito conhecidas,
engavetadas na memória do público", diz a curadora da mostra,
Nessia Leonzini, lembrando uma
qualidade da arte pop: a apropriação de imagens preexistentes.
No Ibirapuera, a arte pictórica
ganha outra faceta pela obra de
Salvatore Emblema, expressionista abstrato italiano do pós-guerra
que chega pela primeira vez ao
Brasil. Ele trabalha com materiais
tradicionais, colocando em evidência a interferência do material
no resultado final. O tramado, de
fios mais espessos, é desfiado e,
em alguns casos, costurado, para
então receber as pinceladas.
"São detalhes que lembram a
arte de Lucio Fontana, que rompe
a tela, enquanto Emblema faz outros tipos de interferência, como
costurá-la", diz o curador Fábio
Magalhães. As experimentações
muitas vezes resultam em tramados quase transparentes, que permitem ver a parede por trás da peça. A conjunção de duas cores
também lembra a obra de Rothko, com quem ele manteve contato em Nova York nos anos 50.
O roteiro de aberturas se encerra com Carlos Martins, gravurista
que desde 86 não expunha em SP
e que ganha retrospectiva no Gabinete de Gravuras da Estação Pinacoteca. São trabalhos realizados em água-forte, água-tinta e
monotipia na composição de paisagens e de figuras arquitetônicas.
Uma série inspirada na ópera
"O Guarani" revela um processo
cuidadoso de imagens que surgem de mais de uma matriz e recebem interferências.
Vik Muniz: Divas e Monstros
Onde: CCBB (r. Álvares Penteado, 112,
Sé, tel. 0/xx/11/3113-3651)
Quando: de ter. a dom., das 10h às 21h;
até 24/4
Quanto: entrada franca
Carlos Martins
Onde: Estação Pinacoteca (lgo. General
Osório, 66, Luz, tel. 0/xx/11/3337-0185)
Quando: de ter. a dom., das 10h às 18h;
até 6/5
Quanto: R$ 4
Salvatore Emblema
Onde: pq. Ibirapuera, tel. 0/xx/11/5573-9932
Quando: de ter. a dom., das 10h às 19h;
abertura amanhã; até 3/4
Quanto: entrada franca
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