|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
JACK NÃO MORREU
À Folha, o ator conta como o 11/9 quase impediu a produção da série e diz que pretende fazer um filme em "tempo real"
Sutherland quer levar "24 Horas" ao cinema
DO ENVIADO A LOS ANGELES
Kiefer Sutherland primeiro bota seu personagem para salvar o
mundo, depois corre atrás de dinheiro para bancar bandas de
rock e sua coleção de guitarras
Gibson.
Em uma sessão de entrevista
para a imprensa mundial, da qual
a Folha participou em Los Angeles, o ator conta de seu hobby
"agora profissão", de como "24
Horas" mudou sua vida e do longa-metragem que vai fazer a partir da série.
Numa compilação das perguntas da entrevista, as feitas pela reportagem da Folha, Sutherland
disse o seguinte:
(LÚCIO RIBEIRO)
Folha - Como "24 Horas" mudou
sua vida como ator? Você, que faz
muito cinema, não tem medo de ficar estigmatizado como o durão
Jack Bauer mesmo fazendo o papel
de um professor de jardim de infância?
Kiefer Sutherland - De modo algum. Estou muito satisfeito com a
projeção que me deu e com o resultado que a série está alcançando. Sempre apostei muito nessa
série, e fizemos um esforço sobre-humano para que ela pelo menos
fosse ao ar do jeito que imaginávamos, numa época difícil para
falar em terrorismo.
Se ficarei marcado em qualquer
trabalho que eu vá fazer no futuro, esse é um bom preço a pagar
para um papel que me deu dinheiro e prestígio. Mas não acho
que vou ficar tão marcado assim
como agente secreto. Já fiz papel
de terrorista e, em "The Sentinel",
no qual trabalho com o Michael
Douglas, se você olhar bem ele é o
Jack Bauer da história.
Folha - A série quase não foi ao ar
por causa dos atentados de 11 de
Setembro. Como você convenceu
os diretores da Fox a exibi-la mesmo com aquele clima de terror que
se abateu no país?
Sutherland - A história foi assim:
tínhamos cinco episódios prontos, e a série estava marcada para
estrear em outubro, quando
aqueles eventos aconteceram.
Nos primeiros episódios de "24
Horas", também ocorria um acidente de avião provocado por terroristas.
Era tudo complicado, porque a
série era projetada para durar longos 24 episódios obrigatoriamente, com um tema daqueles, com
um formato daqueles. Não sabíamos o que ia acontecer. Mas fizemos algumas reuniões e decidimos apostar no projeto porque
acreditávamos nele, já tínhamos
botado muito de nossas vidas nele
e não podíamos ficar amarrados
tanto a acontecimentos cotidianos. Filmes de guerra continuam
sendo filmados quando existe
guerra acontecendo.
Folha - O formato da série, de
acontecimentos em tempo real,
não exclui o telespectador que perde um episódio e já não consegue
mais acompanhar a série depois?
Sutherland - Entendo o que você
fala, mas tenho uma posição contrária quanto a isso. Quando você
perde um episódio de "Law & Order", ou de outra série com história seqüencial, você não deixa necessariamente de assisti-la. E com
"24 Horas", pelo o que sabemos,
acontece o fenômeno inverso.
Quando uma pessoa perde um
episódio, ela se programa para ver
uma reprise, assiste pela internet,
espera o DVD. Pessoas com uma
energia assim a gente não perde.
Ela contagia os que não vêem o
seriado e nos faz ganhar novos
admiradores.
Folha - "24 Horas", o filme, vai
mesmo acontecer? Já tem nome?
Sutherland - Estamos bastante
empenhados em que ele seja realizado. O projeto, no momento, se
chama exatamente "24 - The Movie", mas não sei afirmar se o título realmente vai ser esse.
E, pessoalmente, acredito que
séries como "E.R" e "Law & Order", com enredos belíssimos e vivos, dariam excelentes filmes.
Não acho que tenhamos que fazer um filme de "24 Horas" com
100% dos elementos do seriado.
Podemos fazer com uma estrutura bastante distinta, personagens
diferentes, mais problemas mundanos do que cruciais para a nação. E ainda assim fazer um bom
filme. Assim, o filme não seria
uma coisa definitiva, que matasse
a série da TV.
Também não acho impossível
construir um "tempo real" dentro
de uma história de duas horas.
Temos roteiristas capazes de fazer
isso. Mais alguns meses e, acredito, teremos o projeto do filme
mais claro nas nossas mãos.
Folha - Você tem uma coleção de
20 guitarras Gibson e agora fundou
um selo de rock. A música tem uma
importância tão grande para você
quanto atuar?
Sutherland - Sempre tive paixão
por música. Gosto de vários estilos e sei tocar guitarra um pouco,
até hoje tomo lições, mas não me
arrisco em público. Como eu
nunca desejei tocar em uma banda e ainda assim queria ficar ligado à música de algum modo, eu e
um parceiro [Jude Cole] montamos um estúdio, o Ironworks, para ajudarmos jovens artistas de
Los Angeles, que têm poucas
oportunidades de aparecer num
mercado tão exclusivista como o
da indústria musical.
Vamos lançar um álbum de
uma banda chamada Rocco DeLuca and the Burden já em março, e eu considero sensacional,
mas sou suspeito para dizer. No
final do ano eles fizeram uns poucos shows na Europa, em países
como a Inglaterra, e eu os acompanhei, dando uma de "tour manager". Foi uma experiência eletrizante e acho que, para eles, o futuro vai ser muito bom.
Texto Anterior: Jack não morreu Próximo Texto: Frases Índice
|