São Paulo, quarta-feira, 05 de março de 2008

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Crítica

Coutinho questiona o passar do tempo

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

O filme que Eduardo Coutinho ia fazer, nos idos de 1964, versava sobre as Ligas Camponesas, instituição que políticos conservadores e fazendeiros consideravam a encarnação do Diabo na nossa terra.
Teve de parar os trabalhos depois que os militares depuseram João Goulart, por algumas razões óbvias, entre elas que os líderes camponeses ou sumiram, ou foram presos.
Em boas mãos, o azar vira sorte. Ou antes: cineasta honesto, Coutinho perguntou-se o que teria acontecido àquelas pessoas. Quando o clima já se tornava mais ameno (mas não tanto) no país, voltou ao local para descobrir.
O resultado, ainda hoje deslumbrante, está em "Cabra Marcado para Morrer" (Canal Brasil, 19h30). Porque, acima das circunstâncias políticas (ou junto delas), o que se observa é a incidência do tempo não apenas sobre o discurso e o sonho das pessoas implicadas, como sobre suas próprias figuras. O mundo real e o sonhado se encontram ali.


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