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Crítica
Coutinho questiona o passar do tempo
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
O filme que Eduardo Coutinho ia fazer, nos idos de 1964,
versava sobre as Ligas Camponesas, instituição que políticos
conservadores e fazendeiros
consideravam a encarnação do
Diabo na nossa terra.
Teve de parar os trabalhos
depois que os militares depuseram João Goulart, por algumas
razões óbvias, entre elas que os
líderes camponeses ou sumiram, ou foram presos.
Em boas mãos, o azar vira
sorte. Ou antes: cineasta honesto, Coutinho perguntou-se
o que teria acontecido àquelas
pessoas. Quando o clima já se
tornava mais ameno (mas não
tanto) no país, voltou ao local
para descobrir.
O resultado, ainda hoje deslumbrante, está em "Cabra
Marcado para Morrer" (Canal Brasil, 19h30). Porque, acima das circunstâncias políticas
(ou junto delas), o que se observa é a incidência do tempo não
apenas sobre o discurso e o sonho das pessoas implicadas,
como sobre suas próprias figuras. O mundo real e o sonhado
se encontram ali.
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