São Paulo, sábado, 05 de março de 2011

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FOCO

Sem celebridades, Dior reforça segurança para driblar crise

VIVIAN WHITEMAN
DE PARIS

Sem a presença de John Galliano, recém-demitido, a Dior apresentou sua coleção outono-inverno 2011 ontem, no museu Rodin, em Paris, entre confusão, silêncio e muitos aplausos.
Na porta, muita confusão. Mais pelo excesso de curiosos do que por algum protesto de fato. Um jovem fantasiado de fauno carregava o único cartaz que se via na multidão: "The king is gone" (o rei se foi).
Enquanto a lotação aumentava, a polícia tentava organizar o tumulto. Com a ameaça de protestos, um número incomum de homens foi colocado na entrada do prédio. Segundo um dos oficiais, "por precaução".
Foram montados três postos de checagem dos convites para evitar a entrada de algum "infiltrado" interessado em tumultuar as coisas.
Na fila, uma senhora murmurou com a amiga, em inglês: "Parece que nós é que cometemos um crime", referindo-se aos comentários racistas de Galliano que levaram à sua demissão.
Dentro da sala, a passarela imitava um salão gélido, cheio de espelhos e lustres de cristal. O clima era de velório. Nunca houve tanto silêncio numa sala de desfile.
Nas primeiras filas, nenhuma celebridade naquele que costumava ser um dos shows mais concorridos da temporada. Alguns convidados foram tirados de lugares piores para cobrir as faltas.
Antes do desfile, o CEO da Dior, Sidney Toledano, entrou na passarela para fazer um discurso. Voltou a condenar Galliano, lamentou os comentários "infames" e ressaltou a importância da equipe dos bastidores.
Ao final da apresentação, inspirada nos poetas românticos e com "vibe" mosqueteira, os artesãos e costureiros entraram, de jaleco branco, e foram aplaudidos de pé.
Tudo perfeitamente coreografado num esquema estratégico de "redução de danos" tentando afastar ao máximo a lembrança de Galliano, que estaria internado numa clínica de reabilitação.


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