São Paulo, sábado, 05 de abril de 2008

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Autor comenta a "esquisita" Greta Garbo e a "guerra ao mosquito"

"Crônicas Inéditas I" percorre temas como política, cinema e mulheres

ESPECIAL PARA A FOLHA

Em 1929, durante a campanha contra a febre amarela, as telefonistas do Rio adotaram uma frase que poderia ser retomada, hoje, pelas operadoras dos call centers cariocas, como parte da campanha contra a dengue. Ao pegarem uma chamada, elas diziam, segundo Bandeira, para quem queria fazer uma ligação: "Guerra ao mosquito. Número, faz favor?".
O poeta, que chegou a ser vítima da febre e que preferia os telefones automáticos do Recife às telefonistas do Rio, escreve sobre uma vasta palheta de assuntos neste "Crônicas Inéditas I". Aqui vai um roteiro de alguns desses temas:
Música: Bandeira vai aos concertos e às óperas, fala muito de Villa-Lobos, condena o Teatro Municipal e malha sistematicamente os críticos de música. Alguns textos sobre música incluem também a dança e os recitais onde se declamavam poesia.
Arquitetura e urbanismo: Ele, que seria arquiteto, escreve sobre arranha-céus do Rio, jardins do Recife, Ouro Preto, Le Corbusier no Rio, Warchavchik em São Paulo, Lucio Costa e avenida Atlântica, que é a "enfiada de palacetes mais feia do mundo".
Literatura: Elizabeth Barret Browing é um xodó, saúda a chegada dos mineiros Drummond e Murilo Mendes, conta como odiou pessoalmente Machado de Assis e descobre uma tradução que dom Pedro 2º teria feito de um poema de Monsieur Sigogne.
Artes Plásticas: Acolhe Lasar Segall, critica os ultrapassados Salões Nacionais, onde, no entanto, pesca Portinari, em um ano, e Guignard, no outro. Também escreve sobre Cícero Dias, Ismael Nery, Picasso, critica a situação precária das galerias no Rio.
Cinema: Ele nota certa melhoria no cinema brasileiro, fica fascinado com as possibilidades artísticas do cinema falado e narra o triste fim de um crítico de cinema que quis levar sua independência a sério.
Política: Fala sobre seu "esquerdismo" na infância e de uma reunião do Partido Comunista reprimida a poucos metros de sua casa. Da janela, vê começar a Revolução de 1930.
Jornalismo: O seu preferido era "O Jornal", de Assis Chateaubriand. Bandeira faz boas análises dos jornais do Rio e de Recife, e de seus críticos de arte. Narra o ataque da população aos jornais após o 24 de outubro de 1930.
Football: Não existe nenhuma crônica específica sobre o tema, mas ele é citado em muitas delas. "O futebol faz o paulista mais paulista em vez de o fazer mais brasileiro. Então bolas para o futebol. Bolas não, sebo!".
Mulheres: Greta Garbo é a "sueca esquisita que bateu o record mundial em matéria de sex appeal", Josephina Baker tem o corpo inteiro "inteligente", mas, hoje em dia, não se diz mais "que bela mulher! E sim: Que criatura interessante!". (MATINAS SUZUKI JR.)


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