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Autor comenta a "esquisita" Greta Garbo e a "guerra ao mosquito"
"Crônicas Inéditas I" percorre temas como política, cinema e mulheres
ESPECIAL PARA A FOLHA
Em 1929, durante a campanha contra a febre amarela, as
telefonistas do Rio adotaram
uma frase que poderia ser retomada, hoje, pelas operadoras
dos call centers cariocas, como
parte da campanha contra a
dengue. Ao pegarem uma chamada, elas diziam, segundo
Bandeira, para quem queria fazer uma ligação: "Guerra ao
mosquito. Número, faz favor?".
O poeta, que chegou a ser vítima da febre e que preferia os
telefones automáticos do Recife às telefonistas do Rio, escreve sobre uma vasta palheta de
assuntos neste "Crônicas Inéditas I". Aqui vai um roteiro de
alguns desses temas:
Música: Bandeira vai aos
concertos e às óperas, fala muito de Villa-Lobos, condena o
Teatro Municipal e malha sistematicamente os críticos de
música. Alguns textos sobre
música incluem também a
dança e os recitais onde se declamavam poesia.
Arquitetura e urbanismo:
Ele, que seria arquiteto, escreve sobre arranha-céus do Rio,
jardins do Recife, Ouro Preto,
Le Corbusier no Rio, Warchavchik em São Paulo, Lucio Costa
e avenida Atlântica, que é a
"enfiada de palacetes mais feia
do mundo".
Literatura: Elizabeth Barret Browing é um xodó, saúda a
chegada dos mineiros Drummond e Murilo Mendes, conta
como odiou pessoalmente Machado de Assis e descobre uma
tradução que dom Pedro 2º teria feito de um poema de Monsieur Sigogne.
Artes Plásticas: Acolhe Lasar Segall, critica os ultrapassados Salões Nacionais, onde, no
entanto, pesca Portinari, em
um ano, e Guignard, no outro.
Também escreve sobre Cícero
Dias, Ismael Nery, Picasso, critica a situação precária das galerias no Rio.
Cinema: Ele nota certa melhoria no cinema brasileiro, fica fascinado com as possibilidades artísticas do cinema falado e narra o triste fim de um
crítico de cinema que quis levar sua independência a sério.
Política: Fala sobre seu "esquerdismo" na infância e de
uma reunião do Partido Comunista reprimida a poucos metros de sua casa. Da janela, vê
começar a Revolução de 1930.
Jornalismo: O seu preferido
era "O Jornal", de Assis Chateaubriand. Bandeira faz boas
análises dos jornais do Rio e de
Recife, e de seus críticos de arte. Narra o ataque da população
aos jornais após o 24 de outubro de 1930.
Football: Não existe nenhuma crônica específica sobre o
tema, mas ele é citado em muitas delas. "O futebol faz o paulista mais paulista em vez de o
fazer mais brasileiro. Então bolas para o futebol. Bolas não,
sebo!".
Mulheres: Greta Garbo é a
"sueca esquisita que bateu o record mundial em matéria de
sex appeal", Josephina Baker
tem o corpo inteiro "inteligente", mas, hoje em dia, não se diz
mais "que bela mulher! E sim:
Que criatura interessante!".
(MATINAS SUZUKI JR.)
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