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Novo museu no Ibirapuera muda projeto
A partir de outubro deste ano, Pavilhão das Culturas Brasileiras irá ocupar prédio no parque onde funcionava a Prodam
Antes mais concentrado
em folclore, novo espaço tem conceito alterado, incorporando arte urbana
e outras coleções
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Até outubro, o parque Ibirapuera reforça a condição privilegiada de abrigar museus, com
uma "prévia" da próxima instituição que ganhará sua sede em
um de seus prédios.
Anunciado em junho do ano
passado, o Pavilhão das Culturas Brasileiras irá ocupar o edifício da antiga Prodam (a companhia de processamento de
dados do município), ao lado do
Museu Afro Brasil, e mudou a
sua proposta inicial.
Na versão anterior, as duas
coleções-base do museu seriam
a do antigo Museu do Folclore,
elaborada por Rossini Tavares
de Lima; e a da Missão de Pesquisas Folclóricas, organizada
por Mário de Andrade em 1938.
O espaço agora vai incluir
também uma coleção de arte
indígena, que vem do acervo do
indigenista Orlando Villas-Bôas (veja quadro ao lado). As
três estão sob a guarda da prefeitura. O Pavilhão também incorporará uma faceta urbana,
destacando manifestações como o grafite e a street dance.
Além disso, o prazo de entrega aumentou -antes previsto
para o final do ano passado, deve ser inaugurado em 2011.
"Vai ser um museu vivo",
afirma a futura diretora do museu, a crítica de design Adélia
Borges, 57, que foi diretora do
Museu da Casa Brasileira até
2007. "A ideia é um espaço contemporâneo, onde não haja
apenas mostras das coleções
municipais. Haverá um intenso
diálogo com a cultura urbana."
"Criar um outro Museu do
Folclore não seria o caso. A
gente parte dessas coleções e
cria um vetor de expansão, que
vai discutir o traço brasileiro,
não interessando se é rural, urbano, espontâneo, erudito", diz
o secretário municipal de Cultura, Carlos Augusto Calil, 57,
que promete até outubro deste
ano uma espécie de cartão de
visitas do novo espaço.
"A cultura urbana de cunho
popular é mal compreendida. O
pavilhão pode funcionar para
compreendermos melhor o
grafite, o hip hop, a street dance. Tudo isso estará no museu."
Calil pretende inaugurar até
o início de 2011 a nova instituição. Até lá, devem ser feitas
grandes reformas no telhado e
em todos os caixilhos do edifício, com orçamento estimado
em R$ 5 milhões. Os órgãos de
patrimônio também terão de
aprovar as intervenções, já que
o prédio é tombado.
Borges planeja fazer diversas
aquisições ao acervo do futuro
museu e investir em atividades
que dinamizem a instituição.
"Por exemplo, traremos um
grupo de maracatu de algum lugar do Nordeste. As atividades
deles no museu serão registradas, eles farão workshops, nós
compraremos objetos e peças
que consideremos importantes
para o nosso acervo", explica.
Lina Bo Bardi
Calil germinou a ideia do novo museu paulistano em 1969,
ainda jovem, quando viu a exposição "A Mão do Povo Brasileiro", no Masp, que se tornou
uma referência em montagens
de arte popular. O nome inicial
do pavilhão seria Museu A Mão
do Povo Brasileiro.
Organizada pela polêmica arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo
Bardi (1914-1992), parte das peças que estiveram expostas naquele ano foram restauradas e
estão sendo mostradas em Salvador.
"Certamente a inspiração foi
a mostra de Lina, em 1969. Foi
um acontecimento na cidade.
Tinha uma força enorme e uma
vibração fantástica", avalia Calil. "São Paulo tem uma rede sofisticada de museus, mas ainda
não se deteve sobre a arte popular. Faltavam instituições.
Com o pavilhão, não haverá
mais essa lacuna."
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