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MÚSICA
Festival de jazz, maior evento dos EUA, encolhe 17% em seu primeiro final de semana em virtude dos conflitos recentes
Guerra diminui público em Nova Orleans
CARLOS CALADO
ENVIADO ESPECIAL A NOVA ORLEANS
Os efeitos da guerra também
atingiram o maior festival de música dos EUA. Mesmo com um
dia a mais de shows neste ano, o
34º New Orleans Jazz & Heritage
Festival viu sua platéia encolher
17% em seu primeiro final de semana. E a previsão dos organizadores não era mais otimista em
relação à segunda semana do
evento, que tinha encerramento
previsto para o início da noite de
ontem, com shows de Buddy Guy,
The Crusaders e The Neville Brothers, entre outros.
Músicos e bandas de prestígio
de vários gêneros, como Bob
Dylan, o trio Crosby, Stills &
Nash, Joe Cocker, Fats Domino,
Cassandra Wilson e Ornette Coleman, só atraíram 193 mil pessoas
durante os quatro primeiros dias
de shows. A indústria turística local calcula que a ocupação dos hotéis na cidade, geralmente superlotada nessa época, ficou apenas
em torno dos 90%.
Se esse decréscimo certamente
preocupa autoridades e produtores locais, a platéia do festival encontrou mais conforto do que em
anos anteriores. Na última quinta-feira, por exemplo, havia lugares disponíveis na platéia para ouvir o quinteto do baixista inglês
Dave Holland, o músico mais premiado na área do jazz atualmente.
Falando com exclusividade à Folha, Holland revelou que deve
voltar a se apresentar no Brasil, na
edição de 2004 do Chivas Jazz Festival. "Queríamos ter retornado já
neste ano, mas problemas de
agenda impediram", disse o jazzista, responsável pelo show mais
elogiado desse evento em 2001.
"Escrevi uma composição influenciada por nossa passagem
pelo Rio, cidade que adoramos.
Ela se chama "A Rio" e estará no
próximo álbum de minha big
band, em 2004", antecipou.
Pouco antes de sua apresentação em Nova Orleans, aplaudida
de pé pela platéia, Holland também participou de uma entrevista
pública. Nela, o baixista reconheceu que o fato de ter tocado por
dois anos e meio com Miles Davis
foi essencial para sua formação
como líder.
"Miles dava espaço a todos na
banda para que pudessem criar e
se expressar", disse, revelando
que tocou pela primeira vez na
banda do trompetista, em agosto
de 68, sem ter trocado qualquer
palavra com ele antes. "Me senti
como se tivesse sido atropelado
quando a música começou."
Outra atração do festival de Nova Orleans que vai retornar ao
Brasil neste ano é a cantora Marva
Wright. A "rainha do blues" será
uma das atrações da comemoração dos 10 anos do Bourbon Street
Music Club, em novembro.
Segundo Edgar Radesca, produtor dessa casa noturna paulistana, que está em Nova Orleans
contratando o elenco do evento,
também já estão confirmados o
grupo Mahogany Blue (a partir de
20 de maio) e Tony Hall (julho).
Funeral
Não foi apenas o Jazz & Heritage Festival que atraiu milhares de
pessoas na última semana.
O funeral do veterano cantor,
guitarrista e compositor de blues
Earl King, morto aos 69 anos, no
último dia 17, vítima de diabetes,
levou às ruas centenas de fãs, duas
bandas de metais, índios do Carnaval de Nova Orleans e astros da
música local, como Dr. John, Irma Thomas e Deacon John. Eles
participaram do cortejo que passou por algumas das principais
ruas do centro da cidade, na tarde
da última quarta-feira. Dentro de
uma carruagem preta, o caixão
com o corpo fechava o cortejo.
O jornalista Carlos Calado viajou a convite do New Orleans Metropolitan Convention and Visitors Bureau e da American Airlines
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