LUCIANA ARAUJO
DA REDAÇÃO

Dalva de Oliveira, Carmem Miranda, Lamartine Babo... Salve, salve as rainhas e os reis do rádio, sintonizados em passos no espetáculo de dança "Old Melodies", que o Ballet Stagium apresenta de hoje a domingo, no teatro São Pedro, em São Paulo.
A coreografia de Décio Otero, com direção de Márika Gidali, reconta em movimentos leves e bem-humorados a história da música brasileira que se consagrou na primeira metade do século passado, ao mesmo tempo em que retoma a trajetória do Stagium. "Old Melodies", de 1997, é um dos principais espetáculos do grupo, fundado em 1971 com o objetivo de valorizar o nacional.
"Queremos mapear o repertório brasileiro, resgatando nossos balés [do Stagium] mais importantes", destaca Gidali, 68. E o título em inglês? "Pura ironia, uma fórmula típica no Brasil", responde. É o tal "South America way".
No palco e ao som de clássicos do gramofone como "O Samba e o Tango" (1937), a ordem é a liberdade, encenada em quadros que seguem a estrutura do teatro de revista típico dos anos 20 e 30.
"O roteiro tem uma grande abertura, um grande final e muito romantismo", diz a diretora. "A livre ação é marca do espetáculo, desde a criação dos personagens até a idealização de seus passos alusivos". Alusivos? "Não é frevo, mas alude a; não é clássico, mas alude a", explica Gidali, destacando o ecletismo da obra, a qual remete a muitos gêneros, sem que seja possível classificá-la.
Entre os personagens em cena, Carmem Miranda, vestida de baiana, como no filme "Banana da Terra" (1939), de Ruy Costa. Ou, uma alusão a esta roupa, já que o todo figurino -criado pelos próprios bailarinos- foi feito de materiais recicláveis.

Noutra sintonia
Ecletismo também é o que promete a Cia. Brasileira de Danças Clássicas nas apresentações que faz amanhã e sábado no teatro Ítalo Brasileiro, em São Paulo. No entanto, aqui a diversidade explorada é a da capital paulista, que inspira a linguagem das coreografias "Para Todo o Sempre", neoclássica de Andrea Thomioka, e "Um Toque", contemporânea de Jhen Alex.
Já a técnica utilizada é exclusivamente clássica, ao som do violão, também clássico, de Rafael Cortez. As canções, interpretadas ao vivo durante o espetáculo pelo violonista, são inéditas.