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TEATRO
Terceiro texto de Antônio Ermírio de Moraes, "Acorda Brasil" se baseia em experiência do terceiro setor em Heliópolis
Peça aborda inclusão social pela educação
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao final de "Acorda Brasil", nova peça do empresário e colunista
da Folha Antônio Ermírio de Moraes, ouve-se um locutor: "Esta é
uma obra de ficção. Qualquer semelhança com a realidade não é
coincidência, já que ela foi inspirada na orquestra dos talentosos
jovens que estudam na escola de
música instalada no bairro de Heliópolis" -a maior favela de São
Paulo, com 120 mil habitantes.
No seu terceiro texto para o teatro, Moraes, 77, volta a inscrever o
nome do país no título e a tocar
em problemas nacionais com direito a proposições.
Agora, o mote é a inclusão social
por meio da educação. O espetáculo, que estréia hoje no teatro
Shopping Frei Caneca, descreve
as relações de um jovem violinista
que dá aulas na periferia e enfrenta vários obstáculos, da resistência inicial dos aprendizes ao tiroteio próximo à sala de encontro.
"É um violino ou é uma metralhadora?", pergunta-lhe a diretora
da escola pública, dando o tom da
violência naquele território coabitado pelo tráfico de drogas. Ela
mesma já foi assaltada na porta da
escola precariamente equipada.
"Acorda Brasil" quer mostrar a
superação desse professor de violino e, sobretudo, a transformação daqueles adolescentes por
meio da arte, da música.
"Decidi colocar esse assunto na
linguagem teatral na esperança de
que tais idéias penetrem de maneira profunda no público em geral e nas pessoas que podem colaborar com projetos semelhantes
para a redenção da nossa juventude", afirma Moraes, no material
de divulgação.
Segundo a assessoria de imprensa do espetáculo, desta vez o
empresário -que não se considera propriamente um dramaturgo- preferiu se esquivar de entrevistas. "Espero que o público se
comova com a peça e, sobretudo,
com o êxito alcançado pelo Instituto Baccarelli."
Iniciativa do maestro Sílvio Baccarelli, a organização sem fins lucrativos atua desde 1996 em parceria com a iniciativa privada e o
Ministério da Cultura. O instituto
inspirou a peça por meio da criação e da manutenção de projetos
como a Sinfônica Heliópolis, a
Orquestra do Amanhã e o Coral
da Gente.
Dezessete crianças e adolescentes da comunidade, envolvidos
nesses projetos, também participam do espetáculo, que conjuga
música e canto -a sinfônica
comparece com 65 instrumentistas. Entre os artistas que contracenam com o elenco mirim, estão
Petrônio Gontijo e Arlete Salles.
"Apesar do fundo realista da
história, me permiti a liberdade
poética em vários momentos",
diz o diretor José Possi Neto. Ele
afirma que é a primeira vez que
encena "um trabalho sobre exclusão social" e que foi "mobilizado"
pela disponibilidade dos jovens
atores e músicos de Heliópolis.
Em sua primeira peça, "Brasil
S/A" (1996), Moraes tratou dos
malefícios da carga de impostos
na vida de um empresário. Fundo
algo biográfico para quem encabeça o grupo Votorantim.
Já "S.O.S. Brasil" (1999), o segundo texto, expôs a crise da saúde pública a partir de um hospital
minado financeira e administrativamente por um político e uma
enfermeira corruptos. Moraes
preside o hospital da Beneficência
Portuguesa, em São Paulo.
Acorda Brasil
Quando: estréia hoje, às 21h; sex. e sáb.,
às 21h, e dom., às 20h. Até 30/7
Onde: teatro Shopping Frei Caneca (r.
Frei Caneca, 569, Bela Vista, SP, tel. 0/xx/
11/ 3472-2226
Quanto: R$ 50
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