São Paulo, quarta-feira, 05 de maio de 2010

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MÚSICA

Sergio Mendes exalta o "país tropical" em CD

Trabalho quer levar ao mundo "a alegria e a sensualidade da música brasileira"

"Bom Tempo" tem participações especiais de Milton Nascimento, Carlinhos Brown, Seu Jorge e Nayanna Holley nos vocais


MARCUS PRETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Até os Mutantes, conhecidos por quebrar preconceitos e fronteiras estéticas nos anos 60, tiravam onda do espírito "musicalmente agregador" de Sergio Mendes, 69. A banda de Rita Lee, Sérgio Dias e Arnaldo Baptista compôs para (ou contra) Mendes, em 1972, a satírica "Cantor de Mambo", "a história de um rapaz que encontrou seu sucesso algures, além-mar".
Se os Mutantes mudaram um tanto nessas quatro décadas, Mendes continua essencialmente o mesmo. Ele lança agora "Bom Tempo", mais um álbum em que, como é seu costume, relê clássicos da MPB conhecidos no mundo, ou com grande potencial para isso. Sobretudo canções dos 60 e 70. Entraram desta vez "País Tropical" (Jorge Ben), "Maracatu Atômico" (Jorge Mautner/ Nelson Jacobina, com participação vocal de Seu Jorge), "Emoriô" (João Donato/ Gilberto Gil, com Carlinhos Brown e a americana Nayanna Holley), "Só Tinha de Ser com Você" (Tom Jobim/ Aloysio de Oliveira, com Gracinha Leporace) e "Caxangá" (de Milton Nascimento/ Fernando Brant, com Milton no violão e voz).
"Meu critério é sempre a força da melodia", diz Mendes, por telefone, de Los Angeles, onde vive. "Quando penso um disco, começo ouvindo coisas que já conheço, melodias que marcaram época. E escolho as que considero capazes de abrir todo um caminho à nova geração."
Nesse quesito, aposta na força de "Maracatu Atômico" e "Emoriô". Para ele, ambas têm a "comunicação imediata com o público do mundo inteiro" que também tinha "Mas que Nada" -responsável pelo primeiro sucesso de Mendes, em 1966, e pelo retorno dele às paradas mundiais há 4 anos.

Oportunista?
Quase tanto quanto o primeiro, o segundo estouro de "Mas que Nada" foi recebido com desconfiança no Brasil. Em críticas, chegaram a chamar Mendes de oportunista, acusando-o de pegar carona no sucesso do rapper americano will.i.am, líder do Black Eyed Peas e produtor daquele trabalho. Mendes reage: "Foi will quem bateu na minha porta.
Chegou em casa com uns oito LPs meus, sabia tudo de mim. Houve troca. A música que faço se abre para a colaboração de músicos, cantores. Ela é assim". "Bom Tempo", no entanto, já não tem o rap como energia motriz. Seu foco ainda é a pista de dança, Mendes afirma, mas que agora é agitada com batida "menos americana".
O disco quer "levar ao mundo a diversidade, a alegria e a sensualidade da música brasileira". Ou, conforme prega a cartinha de "País Tropical", a fábula do Brasil "abençoado por Deus e bonito por natureza, que beleza". Brasil que, ao vivo, Mendes visita só uma vez por ano. "Por que fiquei aqui (nos EUA), nem eu sei explicar. Meu negócio foi todo feito aqui, vou ficando. Foi pintando trabalho, e mais trabalho, e outro disco. Mas sinto saudade de Niteroi até hoje."


BOM TEMPO

Artista: Sergio Mendes
Lançamento: Universal
Quanto: R$ 25, em média




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