|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÚSICA
Sergio Mendes exalta o "país tropical" em CD
Trabalho quer levar ao mundo "a alegria e a sensualidade da música brasileira"
"Bom Tempo" tem participações especiais de Milton Nascimento, Carlinhos Brown, Seu Jorge e Nayanna Holley nos vocais
MARCUS PRETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Até os Mutantes, conhecidos
por quebrar preconceitos e
fronteiras estéticas nos anos
60, tiravam onda do espírito
"musicalmente agregador" de
Sergio Mendes, 69. A banda de
Rita Lee, Sérgio Dias e Arnaldo
Baptista compôs para (ou contra) Mendes, em 1972, a satírica
"Cantor de Mambo", "a história
de um rapaz que encontrou seu
sucesso algures, além-mar".
Se os Mutantes mudaram um
tanto nessas quatro décadas,
Mendes continua essencialmente o mesmo. Ele lança agora "Bom Tempo", mais um álbum em que, como é seu costume, relê clássicos da MPB conhecidos no mundo, ou com
grande potencial para isso. Sobretudo canções dos 60 e 70.
Entraram desta vez "País
Tropical" (Jorge Ben), "Maracatu Atômico" (Jorge Mautner/ Nelson Jacobina, com participação vocal de Seu Jorge),
"Emoriô" (João Donato/ Gilberto Gil, com Carlinhos
Brown e a americana Nayanna
Holley), "Só Tinha de Ser com
Você" (Tom Jobim/ Aloysio de
Oliveira, com Gracinha Leporace) e "Caxangá" (de Milton
Nascimento/ Fernando Brant,
com Milton no violão e voz).
"Meu critério é sempre a força da melodia", diz Mendes, por
telefone, de Los Angeles, onde
vive. "Quando penso um disco,
começo ouvindo coisas que já
conheço, melodias que marcaram época. E escolho as que
considero capazes de abrir todo
um caminho à nova geração."
Nesse quesito, aposta na força de "Maracatu Atômico" e
"Emoriô". Para ele, ambas têm
a "comunicação imediata com
o público do mundo inteiro"
que também tinha "Mas que
Nada" -responsável pelo primeiro sucesso de Mendes, em
1966, e pelo retorno dele às paradas mundiais há 4 anos.
Oportunista?
Quase tanto quanto o primeiro, o segundo estouro de "Mas
que Nada" foi recebido com
desconfiança no Brasil. Em críticas, chegaram a chamar Mendes de oportunista, acusando-o
de pegar carona no sucesso do
rapper americano will.i.am, líder do Black Eyed Peas e produtor daquele trabalho.
Mendes reage: "Foi will
quem bateu na minha porta.
Chegou em casa com uns oito
LPs meus, sabia tudo de mim.
Houve troca. A música que faço
se abre para a colaboração de
músicos, cantores. Ela é assim".
"Bom Tempo", no entanto, já
não tem o rap como energia
motriz. Seu foco ainda é a pista
de dança, Mendes afirma, mas
que agora é agitada com batida
"menos americana".
O disco
quer "levar ao mundo a diversidade, a alegria e a sensualidade
da música brasileira". Ou, conforme prega a cartinha de "País
Tropical", a fábula do Brasil
"abençoado por Deus e bonito
por natureza, que beleza".
Brasil que, ao vivo, Mendes
visita só uma vez por ano. "Por
que fiquei aqui (nos EUA), nem
eu sei explicar. Meu negócio foi
todo feito aqui, vou ficando. Foi
pintando trabalho, e mais trabalho, e outro disco. Mas sinto
saudade de Niteroi até hoje."
BOM TEMPO
Artista: Sergio Mendes
Lançamento: Universal
Quanto: R$ 25, em média
Texto Anterior: Crítica: The National extrai força de poesia melancólica Próximo Texto: Frases Índice
|