Escritor Jeff Lindsay inventa personagem sobrenatural para terceiro volume sobre anti-herói que ganhou série na TV

Tiragem da história que deu origem a seriado homônimo já vendeu 1,5 milhão de cópias; 5ª obra será lançada em setembro nos EUA

LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando o escritor norte-americano Jeff Lindsay reza à noite, ele não se esquece do ator Michael C. Hall. "Digo sempre para Deus o abençoar", brinca o autor, se referindo ao intérprete de Dexter, da série homônima da TV paga sobre um assassino de serial killers.
Lindsay, 57, vendeu os direitos de "Dexter - A Mão Esquerda de Deus" (2004) para uma produtora e se surpreendeu com o resultado. Virou série que ganhou quatro temporadas e se prepara para começar a filmar a quinta, em junho, após um bem-sucedido tratamento do protagonista contra câncer.
Os brasileiros veem a terceira temporada (às quintas, no FX). O público americano cresceu 41%, uma média de 5 milhões de pessoas, no quarto ano da série, com o último episódio batendo recorde de audiência.
Aproveitando a maré alta, o escritor também seguiu fazendo séries, mas de livros. Em 2005, saiu "Querido e Devotado Dexter". Agora é a vez de "Dexter no Escuro" ser publicado no Brasil. O quarto volume, "Dexter by Design" (sem título em português), sai em agosto, todos pela Planeta.
"Nunca pensei que seria uma coleção. Achei que seria duro ter um livro publicado. Depois do primeiro, nem sabia como ia recomeçar. Hoje em dia, escrevo fim e já sei para onde vou", conta à Folha, por telefone, de Los Angeles. O próximo, "Dexter Is Delicious" (Dexter é delicioso), sai em setembro nos EUA e aborda o canibalismo.
O livro que inspirou a série tem duplicado de vendas a cada ano, desde sua estreia, segundo a editora Vintage Books. A tiragem é de 1,5 milhão de livros.
Já "Dexter no Escuro" tem um tom diferente. Investe no sobrenatural ao abordar uma entidade que segue a maldade humana e chega a assustar o "Passageiro das Trevas" de Dexter -que pode ser entendido como seu lado negro. O livro teve muitas críticas.
"Não funcionou, mas a imprensa não foi tão negativa. Nos blogs, houve mais irritação." Ele acha que a série da TV não tem diferenças tão gritantes em relação ao estágio em que está no livro. "Os dois Dexters saíram do mesmo lugar, mas evoluíram de uma forma diferente. Eles estão em universos paralelos agora."
Nem por isso ele pensa em reaproximar os dois. "Meu Dexter nasceu primeiro. Sou o criador e vou onde quero. Se o programa não quer fazer o mesmo, entendo. Para o público da TV, Dexter tem de ser mais humano e confortável."