|
Texto Anterior | Índice
Cambista é problema na Rússia
especial para a Folha
Se os problemas financeiros assolam o Brasil, na Rússia a situação
não é muito diferente. Com salário
mínimo reduzido a US$ 10, os russos estão aprendendo a conviver
também com os cambistas, que
hoje abordam espectadores nas
proximidades do Teatro Bolshoi.
"Em meio à livre especulação e à
democracia anárquica que se instalou na Rússia, fica difícil combater os cambistas", diz Vladimir
Vassiliev, diretor do Teatro Bolshoi, que conta com uma verba
anual de US$ 12 milhões para gerir
um conglomerado de aproximadamente 3.000 pessoas, distribuídas entre os elencos de ópera, orquestra e balé.
Subvenção
"O governo subvenciona cerca
de 60% de nossa verba. O resto
vem da venda de ingressos e de patrocínios privados", explica Vassiliev, que na temporada do balé
"Giselle", apresentado em abril no
Teatro Bolshoi, contou com patrocínio da empresa multinacional
norte-americana AT&T.
Disposto a renovar o repertório
do Bolshoi com obras de coreógrafos contemporâneos como Jiri
Kylian e Willian Forsythe, Vassiliev não perde as esperanças.
Segundo Vassiliev, o Bolshoi poderá exibir nova "cara" por volta
do ano 2004. Com a inauguração
de um teatro anexo ao Bolshoi, no
próximo ano, o diretor pretende
estimular a criação de obras experimentais - um projeto que deverá se concretizar pouco a pouco.
Mais aberto e democrático, o
atual repertório do Bolshoi já inclui obras de Balanchine. No próximo semestre, o elenco promete
dar mais um passo adiante, com a
estréia de um balé de Boris Eiffman, coreógrafo perseguido na
época comunista por causa da modernidade de suas criações.
"Não existe nada pior do que comer sempre o mesmo prato" afirma Vassiliev, que pretende estimular a criação contemporânea e
ao mesmo tempo conservar a criação clássica.
Mas, ao contrário do Ballet Kirov
que procura preservar detalhes
mínimos das obras antigas, o Bolshoi vem produzindo versões dos
clássicos com significativas modificações, muitas vezes promovidas
pelo próprio Vassiliev.
(AFP)
Texto Anterior: Preços altos, espetáculos fracos Índice
|