São Paulo, Quarta-feira, 05 de Maio de 1999
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Cambista é problema na Rússia

especial para a Folha

Se os problemas financeiros assolam o Brasil, na Rússia a situação não é muito diferente. Com salário mínimo reduzido a US$ 10, os russos estão aprendendo a conviver também com os cambistas, que hoje abordam espectadores nas proximidades do Teatro Bolshoi.
"Em meio à livre especulação e à democracia anárquica que se instalou na Rússia, fica difícil combater os cambistas", diz Vladimir Vassiliev, diretor do Teatro Bolshoi, que conta com uma verba anual de US$ 12 milhões para gerir um conglomerado de aproximadamente 3.000 pessoas, distribuídas entre os elencos de ópera, orquestra e balé.

Subvenção
"O governo subvenciona cerca de 60% de nossa verba. O resto vem da venda de ingressos e de patrocínios privados", explica Vassiliev, que na temporada do balé "Giselle", apresentado em abril no Teatro Bolshoi, contou com patrocínio da empresa multinacional norte-americana AT&T.
Disposto a renovar o repertório do Bolshoi com obras de coreógrafos contemporâneos como Jiri Kylian e Willian Forsythe, Vassiliev não perde as esperanças.
Segundo Vassiliev, o Bolshoi poderá exibir nova "cara" por volta do ano 2004. Com a inauguração de um teatro anexo ao Bolshoi, no próximo ano, o diretor pretende estimular a criação de obras experimentais - um projeto que deverá se concretizar pouco a pouco.
Mais aberto e democrático, o atual repertório do Bolshoi já inclui obras de Balanchine. No próximo semestre, o elenco promete dar mais um passo adiante, com a estréia de um balé de Boris Eiffman, coreógrafo perseguido na época comunista por causa da modernidade de suas criações.
"Não existe nada pior do que comer sempre o mesmo prato" afirma Vassiliev, que pretende estimular a criação contemporânea e ao mesmo tempo conservar a criação clássica.
Mas, ao contrário do Ballet Kirov que procura preservar detalhes mínimos das obras antigas, o Bolshoi vem produzindo versões dos clássicos com significativas modificações, muitas vezes promovidas pelo próprio Vassiliev.
(AFP)


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