São Paulo, Quarta-feira, 05 de Maio de 1999
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Preços altos, espetáculos fracos

especial para a Folha

A crise econômica que vem sacrificando os bolsos dos brasileiros desde janeiro também está se refletindo na temporada internacional de dança de 1999. Há muito tempo não se via um ano tão fraco em atrações.
Com isso, o público é obrigado a se contentar com espetáculos que já não integram o primeiro time internacional, a preços excessivamente altos, como é o caso do Bolshoi.
Enquanto em Moscou os turistas pagam menos de US$ 10 para ver a companhia oficial da Rússia em seu suntuoso e histórico teatro, em São Paulo estão sendo cobrados R$ 60 pelo ingresso mais barato e R$ 220 pelo lugar de melhor visibilidade do Teatro Municipal.
Desvalorizado, o real vem bloqueando a iniciativa e a criatividade de empresários, que preferem apostar em temporadas de menor risco.
Sem eventos como o Carlton Dance Festival, o Brasil está ficando novamente fora de sintonia com as manifestações mais arrojadas da dança contemporânea.
Aquém do Ballet Kirov, que esteve no Brasil no ano passado, o Bolshoi chega sob anúncios que o classificam como o maior acontecimento artístico do ano - uma afirmação equivocada, que só reflete e fortalece os vazios da programação de 1999.
Em pior situação fica o público de cidades como Curitiba, Belo Horizonte, Brasília e Joinville, onde os balés completos, como "Spartacus" e "Raymonda", serão substituídos pelas chamadas noites de gala, que picotam obras-primas para dar lugar a um suposto divertimento, ancorado no exibicionismo técnico dos bailarinos. Mesmo sem opções, os ingressos nessas cidades estão igualmente caros.
Tudo indica que o mercado está ficando mais inflacionado. Em setembro de 1997, o público de São Paulo pagou entre R$ 25 e R$ 120 para assistir ao New York City Ballet, com cotação artística superior ao Bolshoi e um repertório que trouxe obras-primas de um de seus fundadores, o coreógrafo George Balanchine.
Contando com as confirmações de última hora, comuns no Brasil, resta esperar alguma boa novidade para o segundo semestre. (AFP)


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