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Preços altos, espetáculos fracos
especial para a Folha
A crise econômica que vem sacrificando os bolsos dos brasileiros
desde janeiro também está se refletindo na temporada internacional
de dança de 1999. Há muito tempo
não se via um ano tão fraco em
atrações.
Com isso, o público é obrigado a
se contentar com espetáculos que
já não integram o primeiro time
internacional, a preços excessivamente altos, como é o caso do
Bolshoi.
Enquanto em Moscou os turistas
pagam menos de US$ 10 para ver a
companhia oficial da Rússia em
seu suntuoso e histórico teatro, em
São Paulo estão sendo cobrados R$
60 pelo ingresso mais barato e R$
220 pelo lugar de melhor visibilidade do Teatro Municipal.
Desvalorizado, o real vem bloqueando a iniciativa e a criatividade de empresários, que preferem
apostar em temporadas de menor
risco.
Sem eventos como o Carlton
Dance Festival, o Brasil está ficando novamente fora de sintonia
com as manifestações mais arrojadas da dança contemporânea.
Aquém do Ballet Kirov, que esteve no Brasil no ano passado, o
Bolshoi chega sob anúncios que o
classificam como o maior acontecimento artístico do ano - uma
afirmação equivocada, que só reflete e fortalece os vazios da programação de 1999.
Em pior situação fica o público
de cidades como Curitiba, Belo
Horizonte, Brasília e Joinville, onde os balés completos, como
"Spartacus" e "Raymonda", serão
substituídos pelas chamadas noites de gala, que picotam obras-primas para dar lugar a um suposto
divertimento, ancorado no exibicionismo técnico dos bailarinos.
Mesmo sem opções, os ingressos
nessas cidades estão igualmente
caros.
Tudo indica que o mercado está
ficando mais inflacionado. Em setembro de 1997, o público de São
Paulo pagou entre R$ 25 e R$ 120
para assistir ao New York City Ballet, com cotação artística superior
ao Bolshoi e um repertório que
trouxe obras-primas de um de
seus fundadores, o coreógrafo
George Balanchine.
Contando com as confirmações
de última hora, comuns no Brasil,
resta esperar alguma boa novidade
para o segundo semestre.
(AFP)
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