São Paulo, sábado, 05 de junho de 2010

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Lançamento cobre da jovem sedutora à mulher angustiada

DE SÃO PAULO

Há 22 anos estudando vida e obra de Pagu, a professora Lúcia Furlani ainda hoje se surpreende com a complexidade da sua pesquisada.
Coautora da fotobiografia "Viva Pagu" -a ser lançada em 1º de julho, ainda sem preço definido-, ela sustenta que o lançamento cobre um pouco das tantas Pagus.
Se os retratos da década de 1920 trazem uma Pagu bela e ousada, estilizada como uma estrela de cinema, a partir de 1940 ela está mais austera, contida e resignada.
É uma mulher desiludida com o PCB (Partido Comunista Brasileiro) e atormentada com os sacrifícios da militância -entre eles a pouca convivência com o primeiro filho, Rudá de Andrade (1930-2009), do casamento com Oswald de Andrade.
Ao se filiar ao PCB em 1931, Pagu abre mão da vida familiar. Muda-se para o Rio, onde trabalha como metalúrgica e tecelã. "Minha finalidade é muito maior e difícil de alcançar", escreve em 1934.
"Pagu vivia em constante angústia. Nunca se satisfazia", comenta Furlani, presidente do Centro de Estudos Pagu, da Universidade Santa Cecília, de Santos (SP).
O crescente desapontamento com o regime comunista se acentua quando visita a Rússia, em 1934.
Após seguidas prisões, entre outras coisas por participar do Levante Comunista de 1935, é expulsa do PCB. "Reduziram-me ao trapo", escreve sobre o partido em 1950.
O casamento com Geraldo Ferraz em 1940 a tranquiliza, mas não aplaca a angústia. Em 1949 faria a primeira de duas tentativas de suicídio. A bala quase atinge o olho.
A segunda, também com revólver, ocorre após diagnosticar um câncer de pulmão em 1962. Pagu morre da doença em dezembro do mesmo ano, aos 52 anos.
"Ela viveu intensamente os principais momentos do século 20. Essa entrega cega deixou marcas físicas e psicológicas", analisa Furlani.
Segundo Geraldo Galvão Ferraz, filho de Pagu que assina a fotobiografia com Furlani, o texto do livro é "enxuto, didático, sem literatices nem filosofia". (FV e MRA)


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