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Lançamento cobre da jovem sedutora à mulher angustiada
DE SÃO PAULO
Há 22 anos estudando vida
e obra de Pagu, a professora
Lúcia Furlani ainda hoje se
surpreende com a complexidade da sua pesquisada.
Coautora da fotobiografia
"Viva Pagu" -a ser lançada
em 1º de julho, ainda sem
preço definido-, ela sustenta que o lançamento cobre
um pouco das tantas Pagus.
Se os retratos da década de
1920 trazem uma Pagu bela e
ousada, estilizada como uma
estrela de cinema, a partir de
1940 ela está mais austera,
contida e resignada.
É uma mulher desiludida
com o PCB (Partido Comunista Brasileiro) e atormentada
com os sacrifícios da militância -entre eles a pouca convivência com o primeiro filho, Rudá de Andrade (1930-2009), do casamento com Oswald de Andrade.
Ao se filiar ao PCB em 1931,
Pagu abre mão da vida familiar. Muda-se para o Rio, onde trabalha como metalúrgica e tecelã. "Minha finalidade é muito maior e difícil de
alcançar", escreve em 1934.
"Pagu vivia em constante
angústia. Nunca se satisfazia", comenta Furlani, presidente do Centro de Estudos
Pagu, da Universidade Santa
Cecília, de Santos (SP).
O crescente desapontamento com o regime comunista se acentua quando visita a Rússia, em 1934.
Após seguidas prisões, entre outras coisas por participar do Levante Comunista de
1935, é expulsa do PCB. "Reduziram-me ao trapo", escreve sobre o partido em 1950.
O casamento com Geraldo
Ferraz em 1940 a tranquiliza,
mas não aplaca a angústia.
Em 1949 faria a primeira de
duas tentativas de suicídio. A
bala quase atinge o olho.
A segunda, também com
revólver, ocorre após diagnosticar um câncer de pulmão em 1962. Pagu morre da
doença em dezembro do
mesmo ano, aos 52 anos.
"Ela viveu intensamente
os principais momentos do
século 20. Essa entrega cega
deixou marcas físicas e psicológicas", analisa Furlani.
Segundo Geraldo Galvão
Ferraz, filho de Pagu que assina a fotobiografia com Furlani, o texto do livro é "enxuto, didático, sem literatices
nem filosofia".
(FV e MRA)
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