São Paulo, quarta-feira, 05 de julho de 2006

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São Paulo terá sua primeira sala de cinema em 3D

Formato canadense Imax, de tela gigante, chegará ao Brasil em setembro de 2007; preço do ingresso está em estudo

Programação mescla títulos educativos e blockbusters de Hollywood convertidos ao formato de 70 mm, o dobro do convencional


SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

O canadense W. Con Steers não se cansa de contar a história de como seu país, um dia, foi parar no Japão. Era 1967, e os canadenses queriam que os japoneses que os receberiam numa feira internacional pudessem ver de perto o Canadá, mas sem sair do lugar.
A partir dessa idéia surgiu a rede de cinemas Imax -com formato gigante e exibições em 3D, hoje presente em 36 países-, da qual Steers é o representante no Brasil, onde a primeira sala do gênero será aberta em setembro do ano que vem, em São Paulo.
"Se você tem uma tela tão grande que o público não consegue enxergar seus limites, ele se sente dentro da imagem", resume Steers. Além das proporções da tela, o formato Imax prevê também maior grau de inclinação da platéia, para que o espectador tenha visão total da tela e sinta-se próximo dela.

Óculos
As características técnicas do filme, da exibição e do som são desenhadas para alcançar qualidade e nitidez impecáveis. Para as exibições em 3D, o espectador recebe óculos especiais.
Ou seja, o formato Imax é um empreendimento caro, com reflexo no preço dos ingressos, acima da média dos demais cinemas. Depois de sete anos de conversas, Steers convenceu o exibidor Adhemar Oliveira, das redes Espaço Unibanco e Unibanco Arteplex, de que era hora de abrir um Imax no Brasil.
A sala, com custo estimado em US$ 1,5 milhão (R$ 3,2 milhões), será construída no futuro Shopping Bourbon Pompéia, onde Oliveira abrirá também outras dez salas comuns, repetindo o perfil dos seus cinemas Arteplex. O preço dos ingressos que serão cobrados no Imax ainda não está definido.

Marca
Oliveira busca no mercado parceria com outra marca que queira se associar ao selo Imax. A futura sala deve se chamar, portanto, "alguma coisa" Imax. "Por que não Unibanco Imax?", provoca Steers. Oliveira desconversa. "A proposta está no mercado", afirma o exibidor.
Outra alternativa para amortecer o peso dos investimentos será o uso de leis de incentivo fiscal para a construção da nova sala e a viabilização da parcela educativa de sua programação.
Os cinemas Imax costumam funcionar com um misto de programação de grandes sucessos de Hollywood e títulos educativos, com duração média de 50 minutos.
Steers afirma que a função educativa é a prioridade Imax e conta que muitas das 250 salas existentes no formato estão localizadas em museus na Europa e nos Estados Unidos.
A exibição de blockbusters no formato Imax, segundo o representante da marca, ajuda a atrair público e, portanto, a equilibrar as contas dos cinemas, além de eliminar os tempos ociosos das sessões noturnas, inviáveis para escolares.

Público
Oliveira tornou-se "alvo" de Steers no Brasil por aliar a experiência de exploração comercial de salas com a administração de projetos voltados à formação de platéias de estudantes e professores (Projeto Escola, Clube do Professor).
"O Imax não funciona como os demais cinemas, que simplesmente abrem as portas e esperam o público ir até eles. Neste caso, é o cinema que tem de ir atrás de seu público", afirma Oliveira.
O exibidor se animou quando viu o ministro da Educação da Argentina, Daniel Filmus, na inauguração do primeiro Imax na América do Sul, em maio passado.
No Brasil, Oliveira espera estabelecer laços com a administração pública para levar estudantes ao Imax. Steers, por sua vez, sonha com a produção de títulos brasileiros no formato. "Imagina se as crianças pudessem ver o Pantanal em 3D", diz.


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