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"Série Estréia" recoloca à venda discos que lançaram artistas nacionais e estrangeiros
Primeiras impressões
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL
A gravadora Universal inicia mais um capítulo de seu
projeto de recuperação de acervo,
agora com a "Série Estréia". A
idéia é trazer de volta, em CD, o
primeiro álbum de artistas de variadas tendências e calibres. Em
primeira fornada, são 15 títulos
nacionais e 15 estrangeiros, com
desvantagem de efeito surpresa e
qualidade para os gringos.
O front nacional relança alguns
títulos já insistentemente relançados (embora sempre caiam fora
do catálogo pouco tempo depois),
como as estréias de Mutantes,
Tim Maia e Luiz Melodia. Mas reserva várias surpresas.
Há, por exemplo, a esquecida
estréia de Nana Caymmi, interpretando canções do pai Dorival
como "Acalanto". Está nesse disco a maior derrapada da coleção:
o LP saiu em 1963, não 67, como
um dos primeiros lançamentos
do mítico selo Elenco, de Aloysio
de Oliveira, que por aquela época
apresentava também novos artistas como Nara Leão.
Ganham o formato CD pela primeira vez também os primeiros
passos do engajado/regionalista
Taiguara (em 65), a estréia precoce da então bossa-novista Joyce
(68), a alvorada não plenamente
instrumental de Egberto Gismonti (69), o primeiro e tardio álbum
do pós-tropicalista Jorge Mautner
(72) e o notável LP de estréia do
Quinteto Violado (72).
Irregulares, os anos 80 apresentam três estréias. Começam com
"Olhar Brasileiro" (81), em que
Eduardo Dusek (revelado com a
sarcástica "Nostradamus", presente no disco) faz um inventário
apimentado de gêneros como
samba-canção, tango e "roque".
Passam pela fraca estréia solo, em
82, de Zé Renato (do Boca Livre),
que nos anos 90 conquistaria status de intérprete requintado. Termina no disco excêntrico do excêntrico Asdrubal Trouxe o
Trombone.
Em alguns volumes (mas não
em todos), fortalece-se o hábito
de incluir faixas-bônus não lançadas originalmente em LP e por isso até aqui completamente perdidas. É o que acontece nos CDs de
Taiguara, Quinteto Violado (dois
frevos cantados por Nara Leão) e
Mautner. Bacana.
Gringos
Com rico catálogo internacional
à disposição, a Universal preferiu
o comercialismo fácil de nomes
que costumam atrair filas de brasileiros, como Cat Stevens, Steppenwolf, Elton John, Joe Cocker,
Rod Stewart, Dire Straits, U2,
Tears for Fears, Bon Jovi.
Se Elton John, Rod Stewart e U2
aparecem em episódios de real
boa forma, a parte internacional
da coleção vale mesmo é pelos
parcos títulos que dificilmente ganhariam edição nacional em outras circunstâncias -os dos grupos Cream e Steely Dan, standards de rock classudo dos anos
60 e 70, respectivamente.
Mais como curiosidade do que
estréia real, há, enfim, uma coletânea de gravações dos Beatles, ainda como acompanhantes do cantor inglês Tony Sheridan.
Entre erros e acertos, a "Série
Estréia" se destaca no mercado
atual não só pelos títulos de qualidade, mas por escapar do formato
obscurantista das coletâneas que
infestavam as lojas. Aqui há capas
originais, encartes, datas, faixas-bônus. Devagarzinho, a indústria
vai voltando a entender que dinheiro pode ser cultura.
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