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Flip ou flop?
Festa Literária Internacional de Parati chega à sua quarta edição com menos estrelas e programação que parece aleatória
Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
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A editora britânica Liz Calder, criadora da Flip, durante a montagem da festa, em Parati |
EDUARDO SIMÕES
SYLVIA COLOMBO
DA REPORTAGEM LOCAL
Gostaria de ver Khaled Hosseini, autor do best-seller "O
Caçador de Pipas", na Festa Literária Internacional de Parati? Ou Nick Hornby ("Alta Fidelidade")? Ainda não é desta
vez. Convidados para a 4ª edição da Flip pela própria Liz Calder, criadora do evento que vai
de quarta a domingo, os escritores declinaram, por falta de
espaço nas agendas. O argentino Ricardo Piglia ("Dinheiro
Queimado") também cancelou
a viagem. E a festa -que já teve
astros do calibre de Salman
Rushdie, Paul Auster e Eric
Hobsbawm-volta com céu
menos estrelado.
Para Calder, que diz não entender "exatamente por que" a
festa foi adiada de julho para
agosto devido à Copa ("os vôos
são mais cheios e mais caros"),
só há o que comemorar: a Flip
2006 não será um flop (fracasso, em inglês). Será a melhor de
todas, pois tem mais variedade
de países. "Ficou mais fácil convidar, pois os autores que já
participaram falam bem, e a
mídia comenta mais a festa."
A lista de convidados manteve alguns nomes lendários, como Lillian Ross, colaboradora
da revista "New Yorker", o romancista e ensaísta Tariq Ali,
editor da revista "New Left Review", e Toni Morrison, Nobel
de Literatura em 1993.
Haverá duas mesas dedicadas ao jornalismo literário, ambas patrocinadas pela revista
"Piauí", publicação sobre cultura e política, que será lançada
no evento. Numa delas estará a
própria Lillian Ross com o editor da "The Paris Review", Philip Gourevitch. Na segunda,
que promete ser mais explosiva, Fernando Gabeira debaterá
com o polemista de direita inglês Christopher Hitchens.
A lista de escritores-celebridades do momento é uma das
atrações. Começa com o americano Jonathan Safran Foer, que
já foi best-seller aos 25 anos,
em 2002, com "Tudo se Ilumina". Da Escócia, vem a vencedora do Whitbread de 2005, Ali
Smith. E a nova geração de autores latinos, que Calder diz
tentar ampliar a cada ano, estará representada pelo mexicano
David Toscana. "Esses escritores reforçam o caráter literário
do evento", avalia Calder.
Assim como nas outras edições, o critério de seleção dos
autores não é muito claro, misturando anônimos e celebridades de última hora. A organizadora diz que leva em conta o
equilíbrio entre romancistas,
poetas e escritores de não-ficção, não importando se são célebres ou neófitos. Também a
divisão das mesas soa aleatória.
Ali Smith, por exemplo, que debaterá com Safran Foer, não
conhece pessoalmente o americano. "Disseram que devemos
ter algo em comum." Hitchens,
por sua vez, ignorava quem seria seu companheiro de mesa.
Política
No ano passado, o clima da
festa foi afetado pelo atentado
terrorista em Londres, ocorrido na época do evento. Agora,
com o conflito no Líbano, Calder crê que a geopolítica estará
novamente no debate. "Em
2005, ficamos muito apavorados, mas achamos bom porque
estávamos perto de pessoas
com intimidade com temas como guerra e terrorismo."
Os organizadores estimam
que o público não deva aumentar em relação às edições passadas, ficando entre 10 mil e 12
mil pessoas (mais do que o número de visitantes no Carnaval). É o suficiente para deixar
as ruas animadas e os restaurantes e bares abarrotados. Na
abertura, Maria Bethânia, conterrânea do homenageado do
ano, Jorge Amado (1912-2001),
anima a festa com um show.
O custo total do evento é de
R$ 3,8 milhões, divididos entre
patrocinadores (Unibanco e
Tim, principalmente) e apoios
e parcerias. Cerca de 40% vêm
de incentivos da Lei Rouanet.
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