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8ª FESTA LITERÁRIA DE PARATY
Renegados fascinam, diz premiada Shriver
Autora de "Precisamos Falar sobre o
Kevin" conversa com Patrícia Melo
Embora não seja mãe,
escritora rejeita rótulo
de fazer propaganda
contra filhos e se força a
tirar férias no Brasil
IVAN FINOTTI
ENVIADO ESPECIAL A PARATY
Apesar de acontecer bem
na hora do almoço, a mesa
que a escritora norte-americana Lionel Shriver divide
hoje com a brasileira Patrícia
Melo promete deixar a maioria da plateia com indigestão.
Trata-se, afinal, de uma
sessão sobre crimes. A brasileira acaba de lançar "Ladrão
de Cadáveres". Já a americana alcançou notoriedade
com seu oitavo livro, "Precisamos Falar sobre o Kevin".
É um romance epistolar
em que uma mãe escreve cartas para o ex-marido tentando entender como o filho do
casal entrou na escola e matou nove colegas a tiro.
Premiado em 2005 com o
Orange Prize, o livro foi considerado um manifesto antimaternidade. O que Shriver
rejeita na entrevista a seguir.
Folha - Por que os crimes seduzem tanto os escritores?
Lionel Shriver - A ficção
tende a focar as aberrações.
Leitores normais, que seguem as leis do seu país, se
fascinam com quem quebra
as regras. Quando se é obediente, você vê o renegado
com uma mistura de ultraje e
inveja. O crime vai ser sempre um tema para a ficção.
É verdade que seu livro "Precisamos Falar sobre o Kevin"
foi recusado por 30 editoras?
Enviei o romance para cerca de 20 agentes literários
nos EUA e, então, finalmente, em um ato de desespero,
enviei para uma editora que
já havia publicado um livro
meu antes. Ela leu o livro
num fim de semana e me fez
uma oferta na segunda.
Que tipo de reação você teve
com "Kevin"? Muitas mães
com raiva?
Não. Tive muito mais retorno de mães que estavam
gratas em ver a maternidade
desromantizada em uma história de ficção.
Você é ou queria ser mãe?
Não sou mãe e teria sido se
quisesse. Não tenho nenhum
arrependimento. Mas não estou numa campanha para fazer as mulheres pararem de
ter filhos, o que seria insensível. "Kevin" é muitas vezes
interpretado como antimaternidade. Ao contrário, é
simplesmente a história de
uma mulher cuja experiência
de criar o filho foi traumática.
No que está trabalhando?
Não estou escrevendo nenhum romance. Não tenho
férias desde 2004. Este semestre é o primeiro de seis
sólidos anos em que me forcei a uma folga. Tem sido ótimo. Jogar tênis, ler livros e ir
ao Brasil!
MESA COM PATRÍCIA MELO E
LIONEL SHRIVER
QUANDO hoje, às 12h, na Tenda
dos Autores
INFORMAÇÕES www.flip.org.br
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